Saturday, July 2, 2011

LAGRIMA DIFUSA


Abri os olhos, logo pela manhã.
Depressa me apercebi que uma lágrima aflorava á minha janela.
Ela turvava minha visão, enquanto eu sentada na cama, chegava a uma conclusão.
Sou humana, mulher, filha da criação.
Senti naquele momento que estava inteira, tinha pernas, tinha mãos, e batia meu coração.
A lágrima teimava em se apresentar descontente, deixando minha vista desvanecer.
Por momentos pensei que sonhava. Que não era eu ali sentada, que estava noutra dimensão.
Aos poucos fui acordando, e pus o pé no chão, no soalho frio, senti o chinelo que estava á minha espera.
Tudo veio em catadupa, á minha mente e ao meu coração.
Sou um ser em grande contradição.
Como não acredito em fazedores de sonhos, acredito mais em mim, no que sinto, no que não vejo.
Sou tão imperfeita, até entrar em combustão.
O que hoje sinto, amanhã, já pode não existir.
Enquanto eu tento enquadrar-me na escrita, minha lágrima teimosa continua aflorar.
Não foi por mim convidada, nem por saudade nem por emoção, mas ela insiste em molhar a minha mão.
Que grande contradição, entre aquilo que penso e sei, que não penso em vão.
Esta lágrima veio deixar em seu lugar uma pequena dor. Fere-me a alma, as veredas do coração, quer eu queira ou não.
Hoje é o dia que trás uma rajada de vento, me abana.
 Minha árvore, meus sentimentos, a geada é fria, como a lágrima que me queima o rosto. Sinto-me autónoma andante, nesta estrada que escolhi.
Encurta-se a visão, toldasse-me o pensar, não encontro o motivo. Sou um ser frágil do começo ao fim, não sinto o corpo, porque sou só cabeça.
Por: Joaquina
16/06/2011

No comments:

Post a Comment