Monday, February 21, 2011

MINHA PROVA DE VIDA - 1ª parte

A MAIS DOLOROSA DAS MINHAS EXPERIENCIAS.
NÃO SEI, NEM POSSO DESCREVER,
O QUE SE PASSOU, DENTRO DA MINHA CABEÇA,
NESTE PERIODO DE HOSPITALIZAÇÃO
1ª parte tinha eu 33 anos
Ano 1983 pior ano da minha vida
O que aqui vou contar tem como intenção, avisar, informar, em especial, alguém que possa estar a passar pela situação que eu passei quando tinha 33 anos. Só espero que esta informação
Possa vir a ser útil a alguém. Se assim for, já valeu a pena ter passado o que passei, se conseguir com o meu exemplo ajudar outra pessoa.

Depois de todo as lutas iniciais, Já tinha comprado uma casa nova a vida financeira tinha melhorado, tinha-me conciliado com Jamm, sentia que tudo estava bem na minha vida. Sentia-me feliz.
Certo dia ao tomar banho reparei que o meu mamilos esquerdo deitava um liquido esbranquiçado. Entrei logo ali em pânico.
Jamm, estava ausente, num curso a 300 km distancia, achei por bem não o estar a desinquietar, afinal era um problema meu e seria eu que teria que passar por aquilo. Resolvi não contar logo.
Não podia falar com ninguém e sempre tive como característica, guardar tudo para mim. No entanto estava consciente da gravidade do problema. Quando ele chegou no fim-de-semana notou logo que algo de grave se passava. Quando lhe contei
O mundo desabou sobre ele. Nessa altura ele estava disposto a dar a sua vida por mim. Foi a prova mais bonita que ele me podia dar naquele momento. Sempre esteve do meu lado e sofreu tanto ou mais do que eu. Nunca me senti tão amada como naquele tempo em que tive que fazer um percurso terapêutico tão doloroso.

Tinha tido uma gravidez seguida, minha filha tinha nascido de parto normal e eu sentia-me lindamente. Mas havia um senão! Há sete anos que não ia a uma consulta de ginecologia.

Marquei consulta, tudo decorreu com normalidade com a médica a dizer-me que não via nada de especial no meu peito mas mesmo assim ia pedir-me uma mamografia. Na consulta fez-me uma colheita vaginal normalíssima.
Qual não foi o meu pavor quando abri o envelope e tinha como resultado CARCINOMA (CANCRO DO COLO DO ÚTERO)
Liguei logo para a médica que me pediu para estar no consultório no dia seguinte que mesmo sem consulta me receberia em primeiro lugar. Encaminhou-me logo para uma amiga que trabalhava em oncologia, ela própria falou com ela e no dia seguinte lá estava eu, com o resultado do exame.
A partir daí foi um corre, corre de um lado para o outro. Fiz todos os exames possíveis e imaginários. Toda a gente me procurava porque fazia aquele, ou outro exame. Via nelas compaixão por eu ser tão jovem. Devo aqui esclarecer que aquele tipo de carcinoma era dos mais difíceis de detectar e de curar, poucas pessoas sobreviviam a esse monstro: na minha cabeça algo me dizia, que ali algo não combinava. Por outro lado tinha uma filha com nove anos! Nunca se apercebeu da minha luta. Tudo fiz para que o seu dia-a-dia fosse o mais normal possível.
Logo nessa consulta em oncologia fiz um exame muito doloroso, ligaram-me a uma máquina com duas agulhas espetadas nos pés a um vaso linfático, para saber se o carcinoma já se teria espalhado pelo corpo todo, ou se ainda era apenas local. Lembro que a média de vida de alguém a quem fosse descoberto este tipo de carcinoma era de apenas seis meses, no máximo um ano. Depois do exame veio uma enfermeira dar-me os parabéns por conseguir fazer o exame completo porque a maioria não conseguia faze-lo por ser tão doloroso. Ainda hoje tenho as marcas nos meus pés para me lembrar que estou viva e posso hoje recordar o triste episódio.
Quando chegou o resultado do exame aos vasos linfáticos, era negativo, isso já era um grande alívio, mas o diagnóstico do carcinoma mantinha-se. Fui a oncologia a nova consulta. Novamente me sujeitei a uma biopsia alargada (raspagem de todo o útero), com anestesia geral, como já estava anestesiada, aproveitaram para me porem agulhas de rádio no colo do útero.
Levaram-me para uma enfermaria com quatro camas com pessoas com idades compreendidas entre os 60 e os 80 anos de idade. Eu tinha muito mau despertar da anestesia e não avisei.
Quando comecei acordar, deveriam ser umas 20 horas e logo me levantei da cama. As senhoras de idade tentaram impedir meu acto, todas tocaram as respectivas campainhas, mas não apareceu ninguém.

Despi a bata que me tinham vestido, saí para o corredor e só dizia que tinha que ir para casa porque tinha lá a minha filha.
Até que alguém, me viu nessa figura no corredor e foi chamar uma enfermeira. A seguir a enfermeira teve que ir procurar um médico, e lá me levaram novamente para a minha cama e desta vez amarraram-me com correias á cama depois de me terem dado uma injecção de cavalo para dormir e só acordei no outro dia pelas 9 horas da manha. Quando acordei reparei que a cama estava virada ao contrário e meus olhos virados para a parede onde existia um letreiro com o nº da sala e da cama, nessa altura estava uma enfermeira sentada junto á minha cama, que quando viu que eu estava acordar perguntou: - sabe onde está. Consegue ler aquele letreiro? O que ele diz? Aos poucos fui acordando e ligando os sentidos novamente. Perguntei: - porque estou eu amarrada á cama. Minha filha em que trabalho nos meteu ontem por pouco não morreu. já viu em que carga de trabalhos nos metia a todos. Mas porquê? Levantou-se com 8 agulhas espetadas no colo do útero se caísse, espetava as agulhas nos intestinos e noutros órgãos internos e podia morrer. – Mas não morri, ainda não chegou a minha vez. Agora por favor pode me retirar as correias por favor. – Promete que se porta bem? – Prometo. Tenho muita fome. Sabe não se pode nem sentar tenho que ser eu a dar-lhe a comida, entende isso? Sente-se já bem acordada? Ontem chamou tanto pela sua filha que nos deixou a chorar. Sua marota o que nos ia arranjando a nós e a si também. Trouxeram-me um caldo líquido que não me tirou a sede muito menos a fome e uma maça reineta assada. Contestei que a comida era muito pouca e continuava com fome. Ela com pena de mim lá explicou que eu estava com uma algália e não podia nem comer nem beber muito por não me poder levantar para ir aos sanitários. Aguentei, assim dois dias. Quando me retiraram as agulhas, deram-me alta.
Marcaram-me nova consulta para ir saber os resultados da biopsia alargada.

 Sofri horrores, mas eu só pensava na minha filha que precisava de mim. Foi uma época de grande sofrimento, e confusão mental e como podem imaginar ninguém está preparada para morrer aos 33 anos.

Passadas duas semanas chega o diagnóstico da biopsia alargada.
Resultado negativo. Para mim foi um alívio, para a classe médica não foi. Nova consulta, marcam-me internamento em oncologia.
A única satisfação que me deram: - Todos os exames que fez estão negativos, mas dado a sua idade e haver a possibilidade de ficar uma só célula que seja isolada no seu organismo, nós por precaução, vamos tirar-lhe o útero e os ovários. Irá receber em casa um postal com a data em que deve apresentar-se para esse acto cirúrgico. Fiquei ainda mais confusa. Afinal tinha passado por tudo aquilo e não tinha nada e ainda por cima vão-me tirar o útero e os ovários, algo dentro de mim não batia certo.

Durante esse percurso andei sempre sozinha de consulta em consulta, de exame em exame, até para oncologia fui sozinha. Meu marido estava num curso longe de casa e não podia fazer nada por mim. Minha filha estava em casa de uma amiga e para ela eu estava de férias e logo regressaria.

Regressei a casa por um lado feliz, por outro com muitas duvidas.
Peguei no 1º diagnóstico fui ver quem tinha assinado o relatório. Peguei no telefone e liguei para casa do médico que por sinal era o dono do laboratório.
Pedi desculpa pela hora tardia, deviam ser umas 10 horas da noite, expliquei-lhe que tinha saído naquela tarde de oncologia e relatei-lhe toda a minha história, e o que me preocupava mais era ter que ser operada e não poder ter mais filhos, quando eu queria ainda ter mais um filho. Foi muito gentil comigo e mandou-me estar no laboratório pelas 10hoo da manhã para falar comigo pessoalmente. Nessa noite não consegui dormir. Tinha tantas dúvidas na minha cabeça, mas o meu lado positivo sempre me disse que aquilo não podia ser verdadeiro.
No dia seguinte, recebeu-me reviu as lâminas do seu laboratório,
Meteu-as dentro de um envelope com um cartão dirigido ao director dos serviços de patologia de oncologia e disse: - entregue só este envelope nas mãos desta pessoa e diz que vai da minha parte que ele vai recebe-la, esse senhor foi meu aluno e não vai deixar de atender ao meu pedido.
A senhora é muito jovem, mas se ele lhe disser que tem ou teve
Acredite nele, se lhe disser que não tem nem nunca teve, pode confiar plenamente nele. Assim fiz. Esperei 3 horas enquanto ele reviu todas as lâminas do meu processo. Quando chegou ao pé de mim pediu muita desculpa pela demora, mas que tinha boas notícias para mim. – A senhora não tem, nem nunca teve carcinoma, isto deveu-se possivelmente a um erro de dactilografia. Aconselho a senhora a esclarecer isso agora com o laboratório Dr. mas eu já levei rádio, segundo me explicaram os meus ovários vão secar. – O quê? Quem lhe fez isso? Se a biopsia alargada feita aqui no instituto dá negativa? Nos mesmo dia que me fizeram a biopsia puseram-me o rádio. – Não acredito! Peço-lhe imensa desculpa, mas a medicina errou demais consigo. Vou saber quem foi a equipa que fez semelhante crime. Mas infelizmente o que está feito não se pode desfazer. Terá que ir á sua ginecologista para lhe fazer tratamentos hormonais para não lhe deixarem parar os ovários.
Saí dali feliz, aliviada, mas também muito revoltada.
Minha epopeia não pará por aqui.

Com a informação obtida no instituto, dirijo-me novamente ao laboratório, mas uma vez contei a minha história, andava eu nisto havia uns 3 meses. Depois de várias reuniões e vários pedidos de desculpas lá chegaram a triste conclusão.

Todos os exames do laboratório tinham um número, ao meu nº deu o diagnóstico do exame de outra pessoa e á outras pessoas deram-lhe o meu.

Mas a minha luta continua.
Os erros médicos não acabaram aqui.
O que veio a seguir, deixou-me sempre de pé atrás com diagnósticos médicos.
Vale a pena seguir a fase seguinte.
Por hoje já chega, de recordações dolorosas.
Agora durante um tempo vou voltar á poesia,
que tem o poder de me lavar a alma.
Meus leitores (as), não desistam deste blog,
porque ainda tenho muito para contar.
Obrigada a todos os que me seguem.
Por: Joaquina

17/02/2011

Friday, February 11, 2011

ALBERGUES JUVENTUDE NOS ANOS 70

NOSSA NOITE NO MEIO DO NADA
TEMENDO SER LEVADOS POR EXTRATERRESTRES

Continuando com minhas aventuras de juventude.
Quando conheci o Jam, nenhum dos dois tinha dinheiro, mas tínhamos muita vontade de viajar. Começamos por albergues da juventude, era nessa altura a maneira mais barata e fácil de viajar. Quantas peripécias, tenho para contar desse tempo.
São tempos que nunca se esquecem pela conjectura em como se passaram.
Muito jovens e cheios de aventuras, dormíamos separados, nos albergues. Ele nas camaratas de para homens, eu nas das mulheres. Foi nesse ambiente que pela primeira vez me vi confrontada com a minha nudez e a nudez de outras jovens dos mais distantes Países. O levantar era as 7 horas da manha o refeitório abria às 8 horas, por isso só tínhamos uma hora para tomar banho arrumar as nossas coisas que o albergue fechava às 10 horas da manha e tínhamos que levar todos os nossos pertences, e tomar o pequeno-almoço até às 10 horas.
 De manha era uma correria para os banhos, todas as raparigas pulavam e corriam nuas, para chegar ao banho. Eu, sendo portuguesa, com uma educação muito tradicional, fazia tudo para tapar minhas partes íntimas por vergonha. As outras riam e tentavam falar comigo mas eu não as compreendia.
Todas as manhas eram uma confusão, o pequeno-almoço era servido entre as 8 horas e as dez. Jam, sempre gostou de se deitar tarde e dormir mais da parte da manha, isso levou-o muitas vezes a ficar sem pequeno-almoço, ou chegar muito em cima da hora quando o refeitório estava a fechar. Comia que nem um desalmado, com o corpo ainda em crescimento e sabendo que seria a única refeição quente e decente do dia, chegava ao ponto que já tinha vergonha de pedir mais comida. Então mandava-me a mim, pedir comida para ele. Chegava a comer 8 a 10 carcaças e 3 ou 4 chávenas de leite ao ponto de até eu já sentir vergonha de ir buscar tanta comida.
Durante o dia andávamos quilómetros a pé, por cidades como Amesterdão em que tudo era novidade, isto á 40 anos atrás. Durante o dia íamos aos supermercados comprar fruta iogurtes e leite pão e queijo. Fazíamos nossas refeições diurnas, nos jardins públicos. Era tudo uma aventura.
Certo dia aceitamos uma boleia de quatro rapazes árabes, logo que entramos no carro não nos sentimos nada seguros. Passados uns 3 quilómetros estava uma jovem sentada á beira da estrada á boleia. Eles repararam na jovem e passados mais uns 2 quilómetros pararam no meio do nada dizendo que se tinham esquecido de algo e que tinham que voltar atrás e teriam que nos deixar ali, que não seria difícil conseguir outra boleia. Jam, ficou feliz e aliviado por se ver livre daqueles quatro jovens que tinham voltado atrás para dar boleia á outra jovem. Como nós tivemos pena dela, mas nada podíamos fazer. Estava anoitecer e nós algures num lugar ermo. Sem sabermos onde estávamos, começamos a olhar para todos os lados e só sabíamos que estávamos perdidos algures no meio da França. De repente olhamos ao longe e vimos umas árvores no meio de uma planície. Decidimos ir para lá passar a noite debaixo dessas arvores. Montamos uma pequena tenda de dois lugares que levávamos sempre connosco. Sem jantar e já de noite resolvemos deitar-nos. Eu como sempre tinha medo de tudo, Jam, sempre seguro de si, acalmava-me. Dizia-me que era um lugar seguro, ninguém nos podia ver de lado nenhum. Depois de adormecermos já muito tarde, acorda-mos já o sol ia alto e quando olhei para a tenda por cima de nós vi um vulto enorme, ou mais uma sombra. Acordei-o, agarrada a ele, cheia de medo e disse-lhe: E se são extraterrestres? Eles podem levar-nos daqui e ninguém mais saberá de nós! Tem juízo. Ninguém nos tinha visto entrar ali, se desaparecêssemos, quem daria falta de nós? Nossa filhinha estava ao cuidado de uma nossa amiga. Nessa altura eu só falava uma vez por semana com minha amiga Rosa. Num impulso de homem, que já tinha ido á guerra ele abriu o fecho da tenda e deitou a cabeça de fora e começou a rir-se. Chamou, - anda ver, os teus extraterrestres? Era então uma vaca que curiosa, nunca deveria ter vista uma tenda no seu prado, de pastagem, cheirava a tenda, para decifrar aquele mistério. Quando nos ouviu falar, ficou mais assustada do que nós e afastou-se á pressa indo pastar para junto das demais. Deveriam ser umas 20 vacas num lameiro a pastar descontraídas. Passado o susto, fartamo-nos de rir desse episódio. Corria ali perto, um pequeno regato, onde as vacas iam beber. Não havendo outro tipo de água fizemos como as vacas. Coamos a água com um pano e bebemos, lavamo-nos nessa mesma água. Nunca me esqueço, que como não tínhamos jantado e a fome era muita o nosso pequeno-almoço foi: sardinhas em lata com bolachas de água e sal… 
Saímos dali mais satisfeitos. Voltamos á estrada e sentamo-nos á espera de boleia. Passada meia hora apareceu um jovem fuzileiro que nos deu outra boleia ate á cidade mais próxima. Ele foi almoçar, combinou a hora para estarmos junto do carro dele, que nos levaria para a cidade onde queríamos ficar. Fomos a um supermercado e compramos metade de um frango, um pão, uma coca-cola, duas bananas e almoçamos num belo jardim com flores de todas as cores. Foi o jardim mais bonito que vi até hoje, ainda tenho uma foto como recordação.

Entre boleias, encontramos de tudo, desde boleias em carros de gama alta, até furgonetas de fero velho, ou carros que pareciam casas ambulantes com todo o tipo de lixo.
Nunca nos sentimos em perigo. Até que um dia aceitamos boleia de um camionista de um TIR que nos levou para uma paragem de outros tires e apercebemo-nos que corríamos perigo

Saímos a correr do camião, seguindo o seu instinto Jam disse-me: - este tipo de pessoas não é de fiar, vamos embora daqui sem ele ver. Corremos para fora do parque escondemo-nos. Quando ele se foi embora, nós ficamos em segurança, saímos daquele lugar. Andamos a pé até chegar a uma terra onde passava um comboio que nos levou dali para fora. Mas nós estávamos unidos por um poder que ninguém podia vencer, assim a intuição de Jam, vendo o perigo para os dois, a melhor solução foi ir embora daquele lugar.

Foi a boleia mais traumatizante que tive. Nunca mais pedimos nem aceitamos boleia de camiões TIRES, acrescento ainda que foi a primeira e ultima boleia nesse tipo de carros.

Mas as nossas viagens na maioria das vezes era agradável e tenho episódios inesquecíveis.
Habituados a termos intimidade sempre que queríamos, durante as férias o desejo não escolhia nem hora nem local.
Certa vez estávamos em Bruxelas, ele entendeu que tinha que me ter a qualquer preço porque só o facto de eu lhe dar a mão fazia nascer nele um desejo incontrolável. Passamos então por um prédio que andava em obras, como era domingo, não estavam a trabalhar. Entramos lá dentro, á procura de um lugar seguro, para satisfazer aquele desejo louco.
De repente, salta de lá um cão que guardava a obra. Não sei quem corria mais se o cão se nós. Nossos corações dispararam, até nos vermos a salvo.
Mas a ideia dele não passou nem com o susto do cão. Passamos mais adiante por um prédio abandonado, enquanto eu fiquei cá fora sempre com medo do desconhecido, ele entrou e foi investigar se teria gente dentro, algum mendigo, a dormir ou outro tipo de coisa que nos pudesse apanhar aos dois com a boca na botija.
Passados 15 minutos chega ele todo contente, deu-me a mão e sem medo dirigiu-me para um terceiro andar. È aqui o melhor lugar, não tenhas medo, estamos completamente sozinhos. Despimos nossos casacos, colocamo-los no chão por cima de vidros partidos, aí os dois esquecemos tudo. Entregamo-nos a um desejo louco e como tudo o que é proibido é apetecido, perdemos a noção do tempo, nossos corpos ficaram exaustos, mas satisfeitos. Entramos lá de dia e quando saímos era já noite. Ninguém nos viu entrar, nem sair e naquele prédio abandonado ficou a mais bonita memória da nossa juventude que ainda hoje povoa minhas lembranças.

OS MEUS MELHORES MOMENTOS
PASSADOS NUM PRÉDIO ABANDONADO


AS AVENTURAS PELA EUROPA DOS ANOS 70


 PRAIA DA NORMANDIA

O FAMOSO BUNKER

AS AVENTURAS PELAS PRAIAS DA NORMANDIA

Continuando na fase dos albergues. Ainda viajávamos sozinhos os dois, quando vivemos as maiores aventuras que nunca poderei esquecer. Jam, homem com grande preparação física, tinha estudado num colégio interno militar, com muito rigor e disciplina. Levou-me de mão dada por seus sonhos de jovem, pronto e com vontade de descobrir o mundo. Os dois trabalhávamos, mas só tínhamos um mês de férias, para nos aventurarmos por essa Europa fora. Mesmo assim, ele levava meses a planear as férias, que eram sempre, repletas de momentos imprevisíveis. No ano de 1975 decidimos, ir conhecer, a rota da segunda guerra mundial. Em especial o desembarque da Normandia. Como ele era militar de carreira tinha um grande interesse em assuntos históricos, sobre a segunda guerra mundial. Visitamos então as praias e todo o percurso do desembarque na Normandia.

Um dia começou a ficar muito escuro ele logo aproveitou para passar uma noite romântica numa praia Normandia.
Fomos para umas dunas bastantes profundas e ali fizemos a cama com um saco cama que transportávamos sempre numa mochila para a eventualidade de termos que dormir ao ar livre. Aquela hora ainda havia gente na praia e começavam a chegar pescadores, mas isso não impediu jam de concretizar sua grande fantasia. Fazer amor nas dunas da praia na Normandia. Eu com medo que alguém nos visse, ele completamente á vontade, sentindo-se no paraíso. Como a noite ficou fria lá me levou para um Bunker dos Alemães que existia na praia, já afastado, de todo o movimento da praia. Ali mais aconchegada e sem frio, com o corpo dele todo enroscado no meu, fez tudo para que eu também usufruísse daquele momento só nosso. Mais uma vez foi uma noite inesquecível. Acordamos tarde já com os raios de sol a entrarem no bunker. Tiramos umas fotos em cima do bunker para nunca mais esquecer-mos o lugar onde os dois nos sentimos tão livres.
Depois da noite passada na praia, continuamos nela. Jam, era um bom nadador e desafiou-me a entrar com ele, gostaria de realizar ali dentro de agua nova fantasia. Assim agarrados como umas lapas, fizemos amor com gosto a agua salgada como que o mundo fosse só nosso e nos pertencesse por completo A idade é uma coisa curiosa, não vemos perigos nos nossos actos, impensados. Tudo era muito belo.
Eu com um corpo de sereia, ele com um corpo de Apolo, era a mistura perfeita para se dar uma explosão em qualquer lugar. Sempre que regressávamos a Portugal trazíamos sempre belas memórias. Hoje entendo que as nossas férias eram o concretizar de muitas fantasias que não podíamos ter em casa nem no país, por falta de tempo e de oportunidade também.
Lembro-me de outro momento de grande ternura, passado na Holanda.
Era um dia muito chuvoso e frio. Eu como sempre só levava roupa leve e curta para não pesar muito.
Mas esse dia foi demais, eu tinha tanto frio que comecei a chorar e só queria regressar a casa.
A melhor maneira que ele arranjou, para me consolar foi subirmos umas escadas de uma casa semi abandonada e mandou-me sentar em cima das pernas dele, eu usava nesse dia uma mini-saia sem meias. Tirou o seu casaco ficando só com uma camisa de manga curta e tapou-me as pernas para eu poder aquecer minhas pernas, ficando ele a tremer de frio. Depressa o frio lhe passou quando reparou que meu corpo semi nu estava em cima do colo dele. Percorreu-o com as suas grandes mãos até chegar á parte que ele mais gostava. Logo eu senti um arrepio que não era de frio. – Já sei como acabar com esse teu frio.
Com as mãos sem parar massajou meu corpo nu e de repente o frio foi-se. Momentos depois, sem nos importarmos, com quem passasse na rua, acariciamo-nos naquela escada. Eu sentada nas pernas dele e o casaco a tapar-me o corpo por detrás.
Como foi bom aquele momento de prazer misturado com medo de alguém chamar a polícia, mas naqueles momentos nada interessava a não ser a entrega.
Passada uma hora saímos dali e fomos a um centro comercial comprar umas meias collant e logo me senti mais reconfortada.
Noutra altura estávamos no alberguem em Amesterdão no jardim Van del Parque. Naquela época havia muito pouca gente, logo o Jam, imaginou que poderia ser bom fechar-nos numa casa de banho e vivermos mais uns momentos de loura proibida. Combinamos que eu entraria primeiro e passados dez minutos ele bateria á porta com um determinado sinal para eu saber que era ele. Assim foi. Despimo-nos com loucura e entregamo-nos por completo, havia já uma semana que não fazíamos amor e de tão proibido que foi porque poderíamos ser expulsos do parque, os dois atingimos o maior clímax de de sempre. A juventude é muito louca e inconsciente. Por isso quando eu vejo hoje certos comportamentos que até eu acho demais, tento sempre lembrar-me daquilo que eu fui capaz de fazer, quebrando todas as regras de bom moral e costumes da época. Só que eu só tive o meu parceiro durante a vida e o que fizemos ficou sempre connosco, os jovens de agora fazem por fazer, não se prendem em emoções nem em recordações. Hoje é tudo muito descartável. Na minha época, as coisas era diferentes, embora nos dois fossemos muito adiantadas para a época. Nunca nos casamos, mas sempre nos respeitamos, talvez por termos vivido tantas aventuras. Hoje passados quarenta anos ainda fazemos aventuras talvez impróprias para a nossa idade.
Sempre nos sentimos á frente do nosso tempo, hoje estamos também a frente de muita gente. Somos seres adultos com maturidade, descobrimos a cultura, a arte a fotografia, literatura e a poesia, que nos alimenta a alma em momentos menos bons. Por hoje fico por aqui meus amigos, acho que até já contei demais. Mas tudo o que aqui conto foi vivido por nós dois com grande intensidade e loucura própria para a idade que tínhamos.

PEDAÇOS DE LOUCURA


Friday, February 4, 2011

NOSSO COMEÇO DE VIDA EM LISBOA


NOSSA PRIMEIRA FOTO JUNTOS

Quando cheguei do Equador, trazia comigo muita juventude e algum reforço financeiro aliado a uma força de vontade que era inata em mim.
Cheguei a Lisboa, logo a seguir deu-se o 25 de Abril. Esse ano revolucionou de tal maneira, minha vida, que nunca mais eu seria a mesma.
Com uma revolução que eu não tinha ideia nenhuma, do que seria uma revolução, vi-me de repente envolvida num clima de euforia do qual eu não me consegui inserir muito bem.

Estava na empresa onde me mantive por 26 anos.

Tudo era novidade para mim. Com o 25 de Abril, fui admitida nos quadros da empresa de telecomunicações onde trabalhei e dei o melhor de mim.
Enquanto a maioria das colegas iam para manifestações eu ficava no meu posto de trabalho, por não gostar muito de grandes reboliços. Assim acabei por me sentir mais útil.

Acabara de conhecer o grande amor da minha vida, que como eu éramos, livres, solteiros, sem amarras, mas muito carentes, depressa nossas vidas se uniram, de tal forma que não passávamos mais um sem o outro.

Claro que pela lei normal das coisas, logo se fez anunciar nossa filha, vinda de outra dimensão para nos obrigar a crescer e amar incondicionalmente.
Nossos sonhos era muitos e a pouco e pouco todos eles se iriam concretizar.

Meu companheiro que tinha estudado num colégio interno estava faminto de liberdade e amor.
Quando decidimos morar juntos o seu maior sonho era viajar, conhecer mundo.
No inicio não foi nada fácil. O dinheiro era pouco e os sonhos eram muitos.
Com uma filha pequena no infantário e nós os dois a trabalhar durante o dia e estudar á noite, não nos sobrava tempo nem para namorar nem para dar aquela atenção necessária que uma criança precisa.
Decidimos então que a filha estaria sempre em primeiro lugar, a casa teria que esperar por tempo disponível para ser arrumada.

Assim se passaram os primeiros cinco anos de vida em comum, numa correria, mas sempre com algum tempo, para brincar com ela e para desfrutarmos dos nossos corpos. Nossa filha era tudo para nós. Ela era nosso mundo, nossa força para viver.

Desde sempre fizemos questão de fazermos férias fora do País.
Começamos por andar á boleia por essa Europa fora. Passamos grandes sustos, mas também muitas aventuras inesquecíveis que ainda hoje recordo com carinho.

Uma das mais engraçadas vou contar-vos: No ano de 1977 tinha minha filha dois anos, deixamo-la com uma amiga e fomos de comboio até Espanha, a partir daí fomos á boleia. Passamos muitas horas com uma mochila às costas e outras tantas horas á espera de uma boleia. Bons tempos esses! que ainda se podia andar com segurança á boleia. Chegamos á Holanda de comboio, certo dia á uma hora da manhã. Como estava tudo fechado, resolvemos ir dormir num saco cama os dois num jardim público debaixo de uns arbustos. Eu cheia de medo meu companheiro mais tranquilo, disse-me: - enquanto estiveres comigo, estás segura, nada de mal te vai acontecer. Para alguém tocar em ti tem primeiro que se haver comigo. Dorme descansada que eu fico a vigiar por ti. Só que lá para meio da noite começamos a ouvir um pequeno barulho que não conseguimos identificar, os dois já assustados, ele levantou-se deu uma volta pelo jardim e não viu ninguém. Tinhamos conosco uma pequena faca que servia para fazer sanduíches e para descascar fruta, logo ele a enterrou na terra ao lado dele, no caso de vir alguém para nos fazer mal. Hoje não sei do que senti mais medo, se foi do barulho se foi de ver a faca tão perto de mim. O que é certo é que os dois acabamos por adormecer juntinhos dentro do mesmo saco cama. Ao acordar reparamos que andava um gato de volta da nossa mochila que continha alguma comida, e que tal como nós dormia no jardim.
Foi divertido depois de nos termos dado conta do medo que tivemos de um gato que só tinha fome e queria comer. Não sei quem teve mais medo, se fui eu, se foi o pobre gato… nessa altura ficávamos em albergues da juventude, onde os homens dormiam em camaratas separadas das mulheres. Nessa altura era a maneira mais barata de fazer férias.

Depois de estabilizarmos nossas carreiras vieram em seguida as viagens planeadas. Durante dois anos andamos á boleia. Ao terceiro ano já fomos com o nosso primeiro carrito que era uma Renault 4L. Era um carro comprado em segunda mão, mas portou-se sempre muito bem. Durante uns anos, levou-nos por essa Europa fora, sempre carregado, com uma tenda e tudo o mais necessário para fazer um mês de férias.