Saturday, July 2, 2011

HISTÓRIA DE MULHER GUERREIRA



Conta a história que foi concebida á borda de uma ribeira. A cama era de junco amassado, enquanto ela roupa lavava, ali perto o marido trabalhava.
O marido, homem folgado, grande macho para época, logo ali viu uma oportunidade, e sem avisar, fez com os pés a cama, atirando a mulher, para o chão.
Ela deitada, na cama no chão húmido por ele feita, nem um gemido nem um grito ela lançou.
O desconforto feriu-lhe a alma, mas ela achou que o dever a chamou.

Foi tudo muito rápido, sem palavras, sem amor, apenas naquela cena sobressaía do marido o seu ardor.
Ela deixou passar uns minutos, para recompor o alento. O marido, levantou-se, abotoou as calças e sem olhar para trás, segui caminho, o trabalho esperava-o.

Ela, calou a sua dor, a humilhação e num frenesim começou a cantar. Cantou com emoção, a dor que sentia era mais forte que toda a emoção. Continuou sua tarefa, sem os dois se aperceberem, que aquele momento, daria origem a um ser, que viria a ser para ele uma tormenta. Para ele, seu acto, não tinha sido nada demais que não pudesse utilizar.
Ela foi concebida, num dia frio entre raios de sol de Janeiro.
Passados 4 meses já uma nova ser sua mãe ponteava.
Foi crescendo e desenvolvendo-se, protegida dentro do ventre da mãe. Quando deu entrada neste mundo, passada a gestação, deu entrada no mundo num dia de verão.

Nasceu calada. Para acordar foi preciso algumas palmadas, para a fazerem chorar. Ficou admirada a parteira, mal sabiam eles que tinha chegado aquela família uma guerreira.
Na família já existiam outros filhos, sua mãe mal dava por ela, a não ser para comer e dormir.
Assim se foi formando, com tudo o que via.
O pai não podia compreender, que seu momento de prazer, já á muito esquecido, que passados anos lhe daria muita dor de cabeça.

Seu gesto egoísta, impregnou na filha a vingança da mãe e a sua desdita.
Assim entrou na vida do pai um ser gigante que em tudo lhe fazia frente.
Nasceu impregnada pela força da terra húmida como seu elemento natural, da terra tirou toda a sua força que para sempre a moldou. Ela era a testemunha, do insulto que a mãe sofrera.
Na terra aprendeu a proteger-se, a esconder-se.
Cresceu forte com junco, moldável como a cama que a concebeu. De uma maneira frontal, enfrentava seu progenitor, ao ponto de ele dizer isto é castigo. Afinal o que faço eu contigo? – Trazes no sangue a força da revolta, na teimosia o poder do Junqueiro.

Assim de tanto falar no junco, ela através da mãe soube como foi concebida, junto a uma ribeira, numa cama de Junqueiro.
A mãe nunca se queixou daquele ser que podia enfrentar o marido, com ou sem consciência. Mas também nunca esqueceu o quanto nesse dia sofreu de vergonha.
Para ela fazia parte da sua obrigação, ao marido ceder, tinha jurado no altar que seria para sempre dele.

Todos os outros filhos cresceram, tomaram seu rumo, mas esta filha, trazia com ela uma força bruta que tudo derrubava.
Seu espírito nunca se acomodou ao sofrer, ao destino marcado, casar por aquelas bandas , ter casa, e filhos criar. Nunca se acomodou ao atraso do seu pai, homem, também ele fruto de uma época.
O tempo passava, ela crescia, criava, longe novas raízes, cada vez mais o pai enfrentava.
Aguentou até ao dia que se sentiu encurralada, era partir, ou ficar calada.
Mas ela não queria para ela a vida que a mãe tinha.

Lançou-se no mundo, sem rumo.
Deixou para trás, tudo! O que era tudo? Confrontos, lágrimas, trabalho, bofetadas, pontapés, ausência de carinho, nunca lhe deram nem um abraço que tanto tinha precisado.
Navegou em barcos que naufragaram. Sempre sobreviveu aos destroços agarrada.
Sua força era gigante, mas isso não a impediu, muitas vezes de chorar em pranto.
Entrou e saiu de vidas, umas que ela não escolheu, ouytras onde ninguém a queria.
Caiu muitas vezes, outras tantas se levantou, até que chegou a hora de tudo transmutar.
Vinha de dentro dela o grito, que não era de renuncia, era de luta.
Em silêncio, muita vez, mitigou, sua raiva faminta, ao ponto de não enter ao que ao mundo viera fazer.

Com os pés descalços, passou por terras nunca radas, seus pés sempre procurarm o caminho.
Com tanto para dar, ninguém se apercebia.
Ela lá no fundo sabia, que sua vida tinha que ter uma missão, um dia sem ajuda aqueceu suas mãos, e lançou-se á vida. Não soube interpretar donde vinha toda aquela força que sentia,

Uma coisa ela sabia, era essa sua força que matinha viva..
Por.Joaquina
02/07/2011

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