Tuesday, November 15, 2011

CARTA A UM FILHO

CARTA PARA UM FILHO QUERIDO
MEU QUERIDO FILHO

Há um momento na vida em que pensamos que chegámos ao limite das próprias forças e que não vamos conseguir avançar mais.

Quando não contemos as lágrimas (e nem as devemos conter!) e tudo nos parece vazio... nesse momento, pensamos que já é o fim... e um desânimo enorme toma conta da nós.

Esse momento, ao contrário do que parece, é justamente o ponto de partida!!!
É humano, às vezes sentires-te fragilizado e perdido no turbilhão de emoções e não reagires à evidência das situações que não quereres admitir, mas que sabes que são reais, seria desumano parares por aí, e não mudares o rumo da tua vida. Seria injusto, para os que te rodeiam e te amam, os teus pais, os teus familiares, os teus verdadeiros amigos, mas principalmente serias injusto contigo mesmo.
Ergue-te! Tens-nos sempre contigo.
Não percas a dignidade, não te julgues inferior, não te submetas a qualquer chantagem ou ameaça. Tu és um ser maravilhoso. Tão maravilhoso que não sentes o mal que te rodeia.
Se tiveres que voltar ao ponto de partida. Volta filho.

Por vezes para avançarmos um passo temos que retroceder dois, temos que recomeçar uma nova etapa.

Recomeçar é a palavra!

Recomeçar novamente, a cada queda, a cada fim de uma estrada! Insistir!...

Se alguém te feriu, cura-te! Se alguém te derrubou, levanta-se! Se alguém te atraiçoa, dignifica-te!

Ergue-te! Ergue a cabeça!
Olhando para baixo só podes ver os teus próprios pés, e o passado.
É preciso olhar para a frente. É sempre possível fazer mais alguma coisa na vida, é sempre possível tirar os espinhos do coração!

Se somos donos das nossas vitórias, temos que assumir as nossas derrotas.

Onde erras-te, não erres mais!

Onde cais-te, não caias mais!

Quando passamos por determinado caminho, devemos aprender a evitar as suas armadilhas.
Levanta a cabeça e segue!

Dá o primeiro passo... depois caminha!!!

Tenho certeza que a felicidade não mora ao teu lado, nem à tua frente, ela está dentro de ti! Só precisas de a encontrar.
Não te esqueças de uma grande promessa feita por Jesus: "Esforça-te e eu te ajudarei."
O teu Pai que te ama muito.
"AUTOR DESCONHECIDO"
JOAQUINA
15/11/2011

Sunday, September 11, 2011

A VIDA NA TERRA - MINHA MISSÃO


NÓS SOMOS APENAS

UM MONTE DE CÉLULAS SOLTAS!

"NASCEMOS E MORREMOS SÓS.

Quando viemos ao mundo, já trazemos nosso destino, programado nas nossas células
somos totalmente responsaveis por nós mesmos. O maior problema do humano é delegar seu poder a outros.

Assim acabamos prisioneiros de uma teia complexa, que nos asfixia, e nos leva á escravidão humana.

Ser responsavel por nós próprios, é aprender a dizer "NÂO"
Existe tanto amor, por detrás desta simples palavra..

A sociedade em que estamos inseridos, ensina-nos desde muito cedo a mentir, confundindo isso com gentileza.

Os outros que passam, no nosso caminho, quando muito, podem ser companheiros de jornada.

Felicidade, é um estado de espirito! Tal como a conhecemos, não existe..

Nossas opções certas ou erradas, nos conduzem pela vida fora, transformando nossa vida em algo belo, ou num carcere de sofrimento.

Vamos aproveitar, nosso poder e energia, para ser-mos pessoas lindas por dentro e por fora.
o nosso valor é independente do meio. Temos que ser nós, acreditar-mos em nós próprios.

A vida, tal como a conhecemos e nos ensinaram, está estruturada, para viver a dois. Estes relacionamentos nem sempre os mais adequados á nossa sensibilidade espiritual, eles trazem sempre lições de vida que temos que aprender.

Aprendam a viver, sorrir, aprender!!
  
 
por: joaquina 
10/09/2011

A VIDA NA TERRA - SONS DE SOLIDÃO


DIVAGANDO

Quanto beleza precisa ter uma palavra para conquistar um coração?
Ou pelo menos para acalmar e alegrar esse nosso coração?
(alguém me diga, que eu não sei)
Palavras de “conforto”, sempre me parecem “não sinceras”, mas não será assim com todas as palavras?
Todos nós já passamos por silêncios “constrangedores”,.quando várias pessoas estão juntas em silêncio, parece que existe uma necessidade inquietante de se falar alguma coisa.
A minha teoria é que somos todos muito pesados, o silêncio nos incómodos, nós nos incomodamos com “nós mesmos”, fugimos de “nós”...e consequentemente vivemos nossa vida fugindo do silêncio.....
Ao mesmo tempo, nosso vocabulário é tosco, assim como nossa alma, os adjectivos: maravilhoso, belo, divino...são pouco utilizados como são pouco utilizadas outras formas de comunicação, geralmente fugimos dos olhares de “estranhos”, somos contidos e presos em nosso mundo.

Um casal fica horas se olhando em silêncio Acredito que os melhores momentos da minha vida não foram feitos com palavras, mas com silêncios, eles me levam á criação de mim e das coisas que de mim saem.


Gosto da gargalhada estridente, dos meus amigos, o dizer eu te amo Sem som, sem querer ofender os puritanos, acho o gemido da mulher o mais puro dos sentidos, lá.
Bom... chega! Vou ficar com meu silêncio, se quiser venham comigo.
Acordei no meio da madrugada, olhando a parede, que me parecia olhar fixamente para mim. Ao fundo tocava um rádio. Estava naquele estado intermediário entre o sono e a vigília, onde parece que somos transportados para outra dimensão, no caso fui transportado para dentro das minhas lembranças.
A minha cama parecia que estava flutuando, assim como na cena de um filme, estava só e pela janela via a grande tempestade.
Esse foi o primeiro sentimento, de eu estar só. Me consciencializei que estava sozinha, absolutamente sozinha, ninguém pode fazer nada por mim, entendi o facto de que tenho que ser absolutamente responsável por mim mesma, aí entra a coragem! Pois para isso é preciso ter coragem e não fugir dessa responsabilidade., nem esquecer amigos, relacionamento, associações, e sociedade.
Depois cheguei á conclusão, que afinal todos nós estamos sozinhos. De pois desse sentimento nasceu em mim a compaixão despertei e acordei de meu devaneio. Escrevi este simples artigo. Aí dei-me conta que estava usar meu o cérebro e suas potencialidades sempre tendo o bem e o belo como referência...
hoje, sigo essa estrada, que me leva pela vida fora, ao lado levo a expressão mais bela e enigmática que existe. O sorriso.

POR: JOAQUINA
10/09/2011

Wednesday, August 31, 2011

SOU TUDO E NADA - EXEMPLOS DA VIDA

ACONTECEU COMIGO

Os tempos mudaram. Todos sabemos isso. Hoje, os pais têm uma grande dor de cabeça quando começam as férias de escola dos filhos. Eu, como habitante de uma grande cidade, já senti isso na pele. Vêm-me à memória os meus tempos de escola e o tempo em que tudo era mais fácil, para todos.

Quando chegavam as férias escolares os pais sempre tinham tarefas para os filhos. Era na horta ensinando-lhes a sobrevivência.

A minha memória leva-me para umas férias de natal onde o tempo dos miúdos era aproveitado para ajudar ao sustento da família.
Era costume, nessas pausas escolares, os pais mandarem os filhos ao rebusco.”Era aproveitar a azeitona que ficava para traz, depois de os donos dos olivais, terem feito a sua apanha.” Os miúdos, de seguida, iam com uma sacola e uma bucha no bolso. E apanhavam a azeitona que ficava entre os ramose a que estava esmagada no chão. Tudo era aproveitado e num dia inteiro, com um pouco de trabalho e vontade, levavam-se para casa, cerca de 2 quilos de azeitona. Meu pai metia essa azeitona dentro de uma saca. No fim das ferias aquela azeitona poderia encher meia saca de azeitona boa (uns 30 quilos). Depois juntava-a á outra nossa azeitona, para fazer azeite para o ano.

Certo dia, andava eu e outra colega de escola na nossa tarefa. Até que se junta a nós um outro grupo de quatro miúdos. A partir daí, esquecemos o trabalho, acendemos uma fogueira, comemos a nossa bucha e logo esquecemos tudo, entrando numa brincadeira de miúdos. Quando demos pelo tempo, ele tinha voado e as sacolas estavam quase vazias. Eu, aflita, disse logo que não poderia aparecer em casa com aquilo. Que o meu pai me iria bater. Comecei a chorar com medo de ir para casa. Logo ali, um rapaz se lembrou que por perto havia um olival com azeitona por apanhar. Fomos todos a correr e enchemos as sacolas. Mas como a mentira tem a perna curta, o facto de encher demais a sacola, deu nas vistas.
Cheguei a casa feliz. Logo meu pai reparou na sacola. Era sempre eu que a despejava a saca. Naquele dia, meu pai reparou que vinha mais cheia do que em outros dias.
- Maria, dá-me a sacola! Logo que olhou para a azeitona soube logo que não era de rebusco.
- onde apanhaste esta azeitona? – Foi no rebusco, retorqui eu. – Não me mintas que eu sei reconhecer que esta azeitona não é do rebusco. Se me disseres a verdade não te bato. Se insistires em mentir vamos ter aqui uma grande chatice. Meus irmãos todos me diziam em voz baixa: - conta a verdade Maria, senão levas uma tareia de cinto. Perante tal apelo e medo da sova, lá contei a verdade ao meu pai. -Muito bem. Agora despeja esta azeitona numa cesta. Quero ver se ela foi toda roubada ou se tens alguma que é fruto do teu trabalho.
Obrigou-me a separar a azeitona. Depois mandou-me pôr a restante, que não nos pertencia, na sacola. -Agora vais comigo a casa do compadre levar a que lhe pertence. Pelo caminho deu-me todos os recados sobre o que era ser um ladrão. Que na minha imaginação eu não teria feito nada de mal, uma vez que todos fizemos o mesmo.
- Não quero saber do que fazem os filhos dos outros! Em minha casa não há ladrões. E tu estás farta de saber que não se deve tirar nada aos outros. Eu argumentava que não voltava a fazer, e que se o tinha feito, o fiz por medo. – Estás enganada Maria. Eu podia ficar um pouco zangado por trazeres pouca azeitona. Mas sabia que era um trabalho honesto, e não passava disso. Agora vais ter que devolve-la e pedir desculpa.
Chegamos e batemos á porta. Lá vem o compadre do meu pai, admirado por nos ver, aos dois.
- Boa noite compadre, diz meu pai. – Entrem! O que o traz por aqui a esta hora? Minha filha vem devolver uma azeitona que apanhou no seu olival. E vem pedir desculpa. – Deixe-se disso compadre. Ela é uma miúda. – Diz lá o que vieste fazer, Maria. – Quero pedir desculpa pelo que fiz e venho devolver a sua azeitona. – Se assim o queres, está bem, respondeu o compadre. Foi despejar a azeitona numa saca e devolveu-me a sacola. Quando ia a sair, disse-me: - não te zangues com tem pai. A isso chama-se educar um filho. Se todos assim fizessem, não haveria ladrões.
Regressei a casa, envergonhada, mas consciente que meu acto não foi correcto. Nunca mais apanhei uma única azeitona que não pudesse levar para casa. Foi sem dúvida uma grande lição. A tal ponto que, passados muitos anos, e já com minha família formada em Lisboa, algo parecido veio a acontecer. Teria minha filha uns 5 anos. Passados 20 anos daquele episódio, dei comigo a ensinar o mesmo á minha filha. O sentido foi igual. O contexto é que foi diferente.

Estávamos numa mercearia a fazer compras e minha filha chega-se a uma bacia de azeitonas curadas, que ali se encontravam para venda. Ela, com sua mão pequenina, tirou umas 5 azeitonas e fechou a mão, escondendo-a por traz das costas. Não vi ela tirar as azeitonas. Mas sabia que tinha na mão escondido algo que tirara sem licença. E pedi: - Filha, mostra o que tens na tua mão.  -Não tenho nada, respondeu-me.  -Se não me mostras, terei que ser eu a abrir-te a mão. E continuou a afirmar não ter nada. Como não mostrava a mão tive que a abri. Quando vi as azeitonas na sua mão, veio-me logo á memória o meu episódio de infância.
- Agora põe as azeitonas no sítio e pede desculpa. Começou a chorar. Logo a dona da mercearia começou a ficar espantada comigo. – Deixe lá isso, não tem importância. Ela é apenas uma criança!
Baixei-me ao nível da minha filha , olhei-a nos olhos e disse-lhe: - minha filha. Nunca se mexe naquilo que não nos pertence. Tu gostavas que uma menina fosse lá casa e te levasse uma das tuas bonecas? – Não, mãe – respondeu ela. -A mãe não está zangada contigo. Só quero que me peças as coisas. Se a mãe tiver dinheiro compra-te. Se não tiver, não compra. Entendeste o que te disse? – sim mãe, respondeu, já aliviada. -Ainda queres azeitonas? – Quero. Se podes comprar. Pedi então 250 gramas de azeitonas. – Toma, são todas para ti. Promete que nunca mais mexes em nada que não te pertença. -Prometo mãe. E obrigada pelas azeitonas. Assistia, atónita, a dona da mercearia áquela conversa, condenando-me pela minha atitude. Disse-lhe apenas que era a minha forma de educar minha filha.

E assim ela se habituou a pedir sempre o que queria. Qualquer coisa. Ao ponto de todos os dias pedir coisas.
Diariamente, quando ia para o infantário, passávamos frente a uma pastelaria. Um dia, quando regressava, disse que não tinha lanchado e que tinha fome. Entrei na pastelaria e comprei-lhe um bolo. A partir desse dia, queria um bolo todos os dias. E disse-lhe: - enquanto pedires bolos eu não tos dou. -Mas eu tenho muita fome! Disse ela, apelando à minha sensibilidade. Então, quando chegarmos a casa, comes sopa.
E passaram uns dias, talvez uma semana, sem pedir nada. Vendo que eu não lhe dava um bolo, puxou pela minha mão e frente á montra diz, de uma forma muito sorrateira: - Mãe, eu já há muito tempo que não peço bolos.
 Meu coração derreteu-se.
-Já percebeste. Se não pedires e a mãe puder comprar, compra-te o bolo. Entramos e disse-lhe: - podes escolher o bolo que quiseres. Resposta daquela criança:  -podes pagar, mãe? -Desta vez posso pagar. E podemos também levar um para o pai? A senhora que estava ao balcão achou tanta piada àquela observação, que acabou por lhe dizer: - escolhe um de cada. E deu-lhe uma caixa com bolos. -Quem paga hoje, sou eu. Perante tal atitude, fiquei um pouco desconcertada. Contei-lhe que a estava a educar para não pedir bolos todos os dias. Ela entendeu. Sempre que entrava na pastelaria dizia: - A tua mãe é que manda!
Foi a melhor lição de vida que dei á minha filha.
A semente que plantei nela deu seus frutos. Hoje, vegetariana, não pode ver um animal abandonado. Já deixou de comer para comprar comida para animais. É ecológica, honesta, e rica de coração. Para mim, uma grande alma ao serviço do Planeta.
POR: JOAQUINA
31/08/2011

APRENDIZAGEM - A MINHA MELHOR LIÇÃO DE VIDA


VEIO DO MEU AVÔ EM CONFRONTO COM UM PADRE

Meu avô sempre me protegeu. De sete netos eu sempre soube que era a sua preferida. De tanto de mim gostar exigiu sempre mais de mim do que dos outros.
No seu entender estava a preparar-me para a vida. Eu sempre fui uma criança calada. Quando as coisas não me corriam bem eu chorava. Horas seguidas. Meu avô sempre me vinha consolar. No entanto, ele era um homem que tinha sido criado sem afectos. E a vida, e a necessidade, fez dele um homem austero, mas justo.
Sempre trabalhador e bom educador, acabou por substituir o meu pai, na educação que me era devida. Sendo meu pai um homem ausente, devido aos negócios, era meu avô o homem da casa. E todos eram obrigados a respeitá-lo, e a obedecer-lhe. Mesmo a temê-lo.
Sempre trabalhou a terra. Dela tirou o sustento para toda a família.
Com 74 anos era um homem gasto, pelo trabalho e pelos desgostos com que a vida o tinha já presenteado.
Tinha um pequeno defeito. Gostava da sua pinga! Fazia sempre questão, no Inverno, de beber uns copitos. Talvez para lhe aquecer o corpo solitário.
Certa noite de Janeiro estava um frio de rachar. Queria beber o seu copito e não tinha vinho em casa. Resolveu ir à adega buscá-lo. Meu pai estava ausente e minha tentou impedi-lo. Mas ninguém era capaz de deter a vontade de um homem de 1,90 de altura e com força capaz de derrubar quem se atrevesse a barrar-lhe o caminho.
Mal acabou de sair de casa e ao atravessar umas escadas de pedra, que tinham gelo, (começara já, a geada), caiu de um patamar de 3 metros de altura e partiu uma clavícula, que o levou á cama por dois anos. Como era do lado direito, tirou-lhe toda a mobilidade ao ponto de, a partir daquela altura, depender de outros para tudo.
Até ali sempre se sentiu forte, capaz. Custou-lhe muito a engolir o seu orgulho e ter de aceitar a ajuda da família, para tudo. Penso que esse seu orgulho o levou a desinteressar-se pela vida.
Éramos quatro raparigas em casa. Em nós foi delegada a função de lhe dar as refeições. Cada dia era uma diferente que tinha essa obrigação.

Passados seis meses, minhas irmãs, também elas miúdas, davam-lhe de comer muito á pressa. Para irem brincar. Acabaram por lhe fazer uma ferida, no céu-da-boca, com a colher. Um dia ele chamou meu pai.
- Senta-te filho. Precisamos de ter uma conversa muito séria. Meu pai ficou assustado, pensando que meu avô se estaria a despedir da vida.
Ouve bem filho. Quero fazer-te um pedido. Sei que não vou ser justo para uma pessoa. Cabe-te a ti falares com a tua filha Joaquina, sobre o assunto.
Ao longo destes seis meses tenho estudado o comportamento das tuas quatro filhas. A única que tem coração é a Joaquina. Tenho uma ferida na boca, provocada pela pressa das outras, que estão sempre com sentido na brincadeira. Não as posso censurar, são miúdas. Só a Joaquina, a partir do momento que lhe disse que as irmãs me magoavam, ao dar-me de comer, teve compaixão de mim. E dá-me de comer sem pressa e com carinho. Gostava que tivesses uma conversa com ela. E que a partir de agora seja só ela a dar-me de come. Caso contrário, deixo de me alimentar. Meu pai ficou assustado quando viu a ferida no céu-da-boca. Comprou injecções de penicilina e tratou-lhe da ferida. Quando, á noite, nos encontrávamos todos reunidos, fez um grande sermão sobre o assunto.
- Maria Joaquina, ficas a partir de hoje incumbida, de dares de comer ao teu avô. As outras minhas irmãs, deram pulos de contente. Enquanto eu estava com ele, elas jogavam á macaca, saltavam a corda e eu chorava, enquanto dava de comer ao meu avô.
Certo dia, meu avô teve pena de mim e disse: - Maria joaquina, eu não vou viver muito mais. Sinto que nesta casa já não faço falta a ninguém. Mas quero-te dizer, minha filha. Tu és única! Nunca te arrependas de fazer o bem. Deus te compensará por tudo. Sei que é difícil, para ti, seres só tu a dares-me de comer. Acredita, Maria. Sei que, por tudo que estás a fazer por mim, que estás triste e magoada. Mas nem por isso deixas de ser meiga, quando me pões a colher na boca. Deus nunca se esquece dos seus filhos. Deus porá no teu caminho tudo aquilo que tu mereceres. E tu mereces muito. E eu te admiro muito. Enquanto estiveres comigo, aproveita para aprenderes as minhas lições de vida. Com as tuas irmãs eu já não perco mais tempo.
O tempo passou. Tivemos muitas conversas. Sobre tudo. Deixei de chorar e aqueles momentos que passei a seu lado, tornaram-se mágicos. Quando me contava histórias, esquecidas no tempo. Contadas oralmente, de geração em geração.
Um dia, quando lhe ia dar o almoço, pegou na minha mão e disse: - hoje não me apetece comer. Em vez disso, diz-me. O que pensas de mim?
Fui um avô muito duro contigo? – Não, meu avô. Agora estou é preocupada consigo por não querer comer.
Tens um coração muito puro, minha neta. E nunca te esqueças: “faz o bem sem reparar a quem”. Um dia serás sempre recompensada. Esteja eu onde estiver, estarei sempre contigo.
A partir desse dia nunca mais comeu. E deixou-se ir. Aos poucos. Ao fim de um mês, já nada restava daquele homem forte e temido.
Era um domingo e ele estava pronto para morrer. Nesse dia estava lá um padre. Deslocava-se á  aldeia , uma vez por semana, para rezar missa.
Meu pai foi ter com o padre e disse que o meu avô estava a morrer. E se ele lhe poderia dar os últimos sacramentos. O padre disse que sim. Mas só se meu avô o desejasse. Teria que ter o seu consentimento. Meu pai falou com meu avô. E ele não quis o padre. A última coisa que queria escutar eram os conselhos de um padre. O padre esperou 10 horas que meu avo cedesse e o aceitasse receber. Assim e por volta das 20 horas, meu avô chamou meu pai e perguntou se o padre ainda estava na aldeia. Sim! disse o meu pai.
- Então vai chamá-lo. Chegou a hora do ajuste de contas. Meu pai julgou que ele já estava a delirar.
O padre entrou no quarto, sentou-se numa cadeira e meu avô, disse:
- Ainda se lembra, que aqui há uns 15 anos atrás, nós os dois tivemos um confronto numa terra minha? – Não me recordo?. Não, repetiu o padre, desconcertado! Pois bem. Você, que é um confessor, chegou o dia de me pedir perdão. Porque, a partir desse episódio, você roubou a minha fé na igreja. Era a única coisa que tinha para além do trabalho. Levante-se dessa cadeira e peça-me perdão. Se realmente se considera um cristão. O padre acabou por se lembrar do episódio há muito esquecido. Levantou-se, pediu perdão e agarrou-lhe na mão. Meu avô, apenas disse:
- Pode retirar-se. Já posso morrer em paz. Agora vá á sua vida. Já o retive muito tempo. O padre saiu com as lágrimas nos olhos. Ninguém entendeu o que se tinha passado. Só eu soube. Porque me tinha escondido debaixo da cama do meu avô e ouvi e entendi tudo o que ali se passou. Naquele tempo, não percebi o significado de toda a conversa. Mas hoje sei. E sei muito bem que o meu avô era um anjo, em trabalho no planeta.

Para melhor compreensão da história, vou explicar o que aconteceu entre o padre e o meu avô.

Meu avô tinha uma propriedade junto a uma ribeira. Quando a ribeira aumentava, no Inverno, ele permitia, para encurtar o caminho ás pessoas, que elas passassem na sua propriedade, a pé. Estava meu avô um dia por lá, a trabalhar e eis que vê o padre, passar a cavalo, na sua propriedade, permitindo que o animal lhe comesse as videiras. Barra-lhe o caminho com um sacho na mão e diz-lhe: - Se quer passar por aqui, desce do cavalo, segura-lhe a rédea curta, e não o deixa o comer as videiras. O padre respondeu:
- Não desço do meu cavalo e você não é homem para me impedir! Respondeu o padre com ar destemido.
- Então temos aqui um problema. Se não desce, recua e volta para trás. Nesta propriedade não passa. Ela é minha e não da sua igreja.
Como o padre não desceu, nem recuou, meu avô levanta o sacho e disse-lhe: -
Hoje vai fazer de mim um assassino. Se dá mais um passo, em cima desse cavalo. Quando o Padre percebeu que ele falava a sério, desceu do cavalo e segui a pé, com meu avo a seu lado. Quando chegou ao fim da propriedade, meu avô só lhe disse: - a partir de hoje arranjou um inimigo. Nunca mais estarei no mesmo lugar que você esteja. E nunca mais se atreva a passar por esta propriedade. Nem a cavalo. Nem a pé.
Passaram-se uns 15 anos. Meu avô nunca mais foi á missa. Também nunca nos proibiu. Sempre dizia que o problema era entre ele e o padre.
Com a morte do meu avô, aos meus 14 anos, algo em mim desmoronou. Ficou sempre no meu inconsciente, uma orientação para minha vida.
Nunca mais esqueci o provérbio “faz bem sem reparar a quem”. Verdade seja dita. Hoje sinto que fui compensada, mesmo tendo em conta tudo o que já passei. Sempre achei que meu avô tem sempre estado por perto. Para me dar a mão. Como quando era pequena.
Por joaquina
31/8/2011

A VERDADE HUMANA - OS EXEMPLOS DA VIDA


Os tempos mudaram, isso, todos o sabemos. Hoje, os pais têm uma grande dor de cabeça quando começam as feria de escola dos filhos. Eu como habitante de uma grande cidade, já senti isso na pele. Isto traz-me a memoria meus tempos de escola e do tempo em que tudo era mais fácil para todos.
Quando chegavam as férias da escola os pais sempre tinham tarefas para os filhos na horta ensinando-lhes a sobrevivência.

A minha memoria leva-me para umas ferias de natal onde o tempo dos miúdos era aproveitado para ajudar no sustento da família.
Era costume, nessas ferias os pais mandarem os filhos ao rebusco”Era aproveitar a azeitona que ficava para traz, depois de os donos dos olivais, terem apanhado sua azeitona” os miúdos em seguida iam com uma sacola, uma bucha no bolso e apanhavam azeitona que ficava entre os ramos, a que estava esmagada no chão. Tudo era aproveitado e num dia inteiro com um pouco de trabalho e vontade, ao fim do dia levava-se para casa, cerca de 2 kilos de azeitona. Meu pai metia essa azeitona dentro de uma saca e no fim das ferias pesava aquela azeitona que podia chegar a meia saca de azeitona boa(uns 30 kilos, depois juntava-a á outra nossa para fazer azeite para o ano.

Certo dia andava eu mais outra colega de escola, na nossa tarefa , até que se junta a nós um outro grupo de quatro miúdos. A partir daí, esquecemos o trabalho, acendemos uma fogueira, comemos a nossa bucha e logo esquecemos tudo entrando numa brincadeira de miúdos. Quando demos pelo tempo ele tinha voado e as sacolas estavam quase vazias, eu aflita disse logo, eu não posso aparecer em casa com isto que o meu pai, vai bater-me. Comecei a chorar com medo de ir para casa logo, um rapaz se lembrou que ali perto havia um olival com azeitona por apanhar. Fomos todos a correr e enchemos as sacolas , mas como a mentira tem a perna curta o facto de enher demais a sacola deu nas vistas.
Cheguei a casa feliz. Logo meu pai reparou na sacola. Era sempre eu que a despejava na saca, naquele dia meu pai reparou que vinha mais cheia do que dos outros dias.
- Maria, dá-me a sacola! Logo que olhou para a azeitona soube logo que não era de rebusco.
- onde apanhas-te esta azeitona? – foi no rebusco. – não me mintas que eu sei reconhecer que esta azeitona não é do rebusco. Se me disseres a verdade não te bato. Se insistires em mentir vamos ter aqui uma grande chatice. Meus irmãos todos me diziam em voz baixa, conta a verdade Maria, senão levas uma tareia de cinto. Perante tal apelo e medo da tareia, lá contei a verdade ao meu pai. Muito bem, agora despeja esta azeitona, numa cesta quero ver se ela foi toda roubada ou se tens alguma que é fruto do teu trabalho.
Obrigou-me a separar azeitona, depois mandou-me por a restante que não nos pertencia na sacola. Agora vais comigo a casa do compadre levar a que lhe pertence. Pelo caminho deu-me todos os recados sobre o que era ser um ladrão, que na minha imaginação eu não teria feito nada de mal, uma vez que todos fizemos o mesmo.
- Não quero saber do que fazem os filhos dos outros! Em minha casa não há ladoes e tu estas farta de saber que não se deve tirar nada aos outros. Eu argumentava que não voltava a fazer, e se o tinha feito , tinha sido por medo. – Estás enganada Maria eu podia ficar um pouco zangado por trazeres pouca azeitona, mas sabia que era um trabalho honesto, e não passava disso. Agora vais ter que devolve-la e pedir desculpa.
Chegamos, batemos á porta. Lá vem o compadre do meu admirado por nos ver aos dois.
- boa noite compadre diz meu pai. – entrem! O que o traz a esta hora aqui. Minha vilha vem devolver uma azeitona que apanhou no seu olival e vem pedir desculpa. – deixe-se disso compadre, ela é uma muida. – Diz lá o que vieste fazer Maria. – Quero pedir desculpa pelo que fiz e deixar a azeitona. – se assim o queres está bem.. foi despejar azeitona numa saca e devolveu-me a sacola. Quando ia a sair disse-me não te zangues com tem pai, a isso chama-se educar um filho, se todos assim fizessem não haveria ladrões..
Regressei a casa envergonhada mas consciente que meu acto não foi correcto. Nunca mais apanhei uma única azeitona que não pudesse levar para casa, foi sem dúvida uma grande liça, a tal ponto que passados muitos anos já eu tinha minha família formada em Lisboa, tinha minha filha uns 5 anos, passados 20 anos desse episódio dei comigo a ensinar o mesmo á minha filha o sentido foi igual o contexto é que foi diferente.

Estava eu numa mercearia a fazer compras, minha filha chega-se a uma bacia de azeitonas curadas que ali se encontravam para venda, ela com sua mão pequena, tirou umas 5 azeitonas, fechou a mão escondeu-a atráz das costas, não vi ela tirar as azeitonas mas sabia que tinha na mão escondido algo que tirara sem licença. Pedi, filha mostra o que tens na tua mão, não tenho nada! Se não me mostras tenho que ser eu abrirte a mão, continuaou a dizer não ´+e nada. Como não mostrava a mão fui neu que a abri. Quando vi as azeitonas na sua mão veio-me logo á memória o meu episódio.
- Agora põe azeitona no sitio e pede desculpa, começou a chorar. Logo a dona da mercearia começou a ficar indignada comigo. – deixe lá isso, não tem importância. Ela é apenas uma criança!
Baixei-me ao nível da minha filha , olheia nos olhos e dise-lhe: - minha filha nunca se mexe naquilo que não nos pertence, tu gostavas que uma menina fosse lá casa e te levasse uma das tuas bonebcas? – não mãe! – a mãe não está zangada contigo, só quero que me peças as coisas, se a mãe tiver dinheiro compra-te se não tiver não compra.- Entendeste o que bte disse. – sim mãe. Ainda queres azeitonas. Quero, se podes comprar. Aí pedi 250 gramas de azeitonas. – toma são todas para ti. Promete que nunca mais mexes em nada que não te pertença. Prometo mãe e obrigada pelas azeitonas. Assistia atónita a dona da mercearia aquela conversa, condenado-me pela minha atitude., disse apenas, não se meta quem educa minha filha sou eu!

Assim minha filha se habituou a pedir sempre que queria qualquer coisa ao ponto de todos os dias pedir coisas.
Todos os dias quando ia para o infantário, passávamos frente a uma pastelaria, um dia quando vinha do infantário, disse que não tinha lanchado e tinha fome. Entrei na pastelaria e comprei-lhe um bolo, a partir desse dia, queria bolo todos os dias. Só lhe disse enquanto pedires bolos eu não te dou. Mas eu tenho muita fome! Então quando chegarmos a casa comes sopa.
Chegou ao ponto de passar uns dias ou uma semana sem pedir, vendo que eu não lhe dava um bolo, puxou pela minha mão frente á montra e diz de uma maneira muito sorrateita. Mãe eu já muito tempo que não peço bolos. Meu coração derreteu-se.
Já percebeste se não pedires e a mãe puder comprar, compra-te o bolo. Entramos e disse-lhe, podes escolher o bolo que quizeres. Resposta daquela criança! “podes pagar mãe” desta vez posso pagar. E podemos também levar um para o pai? A senhora que estava ao balcão achou tanta piada, aquela observação, que acabou por lhe dizer escolhe um de cada pondo-lhe uma caixa com bolos, que quem paga hoje sou eu. Perante tal atitude não me pareceu correcto. Contei-lhe que a estava a educar para não pedir bolos todos os dias. Ela entendeu. Sempre que entrava na pastelaria, sempre dizia, a tua mãe é que manda!
Foi a melhor lição de vida, que dei á minha filha..
A semente que plantei nela deu seus frutos. Hoje Vegetariana. Não pode ver um animal abandonado, já deixou de comer para comprar comida para animais, é ecológica, honesta, mas rica de coração.. Para mim uma grande alma ao serviço no Planeta.
POR: JOAQUINA

Friday, August 26, 2011

EU SOU MULHER - SAUDADES DE MIM

SAUDADES DE MIM
29/04/2011

Não sei por onde anda o meu amor
Partiram-lhe as asas, anda ferido
È tal meu desencanto, que até eu me espanto
De tal magoa me atingir
Meu coração partiu-se em estilhaços
Agora não sei o que faça! Para calar minha dor
Vou tentar consertar os pedaços
Com eles fazer uma manta de retalhos
Onde fique representado o meu desgosto
A mágoa é profunda como profunda é a dor
Dentro da minha tristeza sem dono
Que me arrebatem os canhões
Que fizeram em pedaços, meu esplendor
Que tudo seja arrumado e arquivado
Dissipar a dúvida e a tormenta
Este cansaço latente, que me deixa naufragar
Este sentir que adormece em mim
Que aos poucos me sinto afogar
Falta-me a vontade de viver em mim
Como eu era e sempre fui
É a depressão que em mim fez uma estação
Onde me pode confrontar
Hoje só sei que não estou no meu melhor
Estou cansada de lutar comigo
È a magoa que não se ausenta, deixa-me dormente
Tenho saudades desta parte de mim que acredita
Que tudo isto não existe, é só uma fantasia
Sei que tenho do meu lado o universo
Que tudo tem um reverso, tudo é passageiro
Ainda não percebi qual a lição que vou tirar disto.
JOAQUINA

MINHA VIDA - VENDAVAL DO TEMPO


VENDAVAL DO TEMPO - 


17/10/2010

Aqui neste recanto,

Na sala de espera de um hospital

Estou perdida entre gente,

 De vários lugares desesperados

Com o mesmo sentido de estar.

Venham perfumar de rosas este espaço,

Que me sufoca e tanto me faz lembrar.

Por aqui passei horas sem poder me queixar,

Sem saber onde estar, nem como aqui vim parar.

Dá-se um murro no estômago,

Quando recordo o medo e o horror,

 Pelo que tive que passar.

Aqui se cruzam vidas e sentimentos,

Em que os sentimentos não mentem.

Por tudo o que já passei,

E tudo o que já encontrei,

Ainda aquilo que não quero passar!

Tudo me leva a questionar?

De que a vida é frágil,

No seu encanto mesmo,

Que num pranto se grite por piedade.

Lugar-comum onde tudo se perde e desaparece.

Somos todos iguais, perante o sofrimento.

Ausência de vaidade,

Fica á porta como morta,

Todos se revêem na sua própria essência,

Simples mortais como os demais,

Todos pedem clemência a um deus ausente.

Prometem-se promessas,

Com orações de arremesso,

Como que tudo seja válido,

 Na hora do desespero.

Mas nesta hora está ausente,

No seu reino presente,

começa a todos julgar!

Desesperos fulminantes,

Levam quem nunca antes,

Se lembrou que deus existe.

È o memento da dor, que passa,

Entre gentes simples mortais,

Sem se perceberem que os demais,

Ás suas mãos já sofreram.

Instala-se a anarquia,

Nestas mentes descontentes

Leva-as para longe o vento.

Ausenta-se a alegria.

Joaquina

17/10/2010


EU SOU MULHER - VIVER A TRISTEZA



Hoje apoderou-se de mim uma apatia, que invade meu ventre, entre agonias.
O chão me parece transparente, onde piso o sofrimento, que hoje entrou em mim.

Desbravei minha memória, entrei em arquivos, mas nada encontre.
Vem ao de cimo o descontentamento, que hoje me atormenta.

Entrei dentro do pensamento, trepei ao mais alto dos abismos, de lá avistei esta minha apatia.
Olhei em meu redor, só vi, montanhas e escarpas, e num zás de repente, aliviei minha mente, atirei-me em queda livre. Já não me interessavam as consequências.

Via sombras gigantes, asas de gansos, que mais pareciam monumentos.
Durante o voo picado, meu pensamento apressado, trouxe imagens do meu passado.

Revi minhas vidas, todas elas encruzilhadas, mas na queda, nada era pesado.
Senti-me livre como a águia, como o tempo, que durava minha viagem.

Ao descer pelas escarpas, vi em todos os buracos pedaços de mim.
Avistei castelos, onde ninguém morava, campos abertos, outros com árvores.

Quando do chão me aproximava, senti que do todo eu fazia parte.
De repente ví meu filme, a vida inteira á minha frente a girar, nesse momento, soube que a quede não se dava.

Quanto mais descia, mais consciência tinha de mim.
Então sem me dar conta deu-se o impacto, eu caí no abstracto, e nada sentia.

Meus sentidos acordaram daquele entorpecer . Estava pronta para partir, deixar tudo a existir.
Deixar, meu corpo deitado, enquanto minhas células se afastavam, de volta á origem.

Podiam ter outra forma, ser outro elemento, naquele momento, já nada importava.
Mas eis que sinto bater meu coração, no meio da vegetação.

Assim no meio desta apatia, vi que não tinha razão, para me sentir assim.
Estou inteira, estou viva, faltava-me apenas a poesia. Este lavar da alma que levanta e acalma…

Por: Joaquina
10/06/2011

SOU TUDO E NADA - MEU ESPAÇO NA MATÉRIA E NA LUZ


MEU ESPAÇO


Agosto/2011

Não tenho em mim espaço,
Para derrubar meu desespero encontrado
Em noite de lua cheia, meu encontro com minha sombra que sangra
Neste vai vem de vida paralela á minha, que me sustenta a contenda
Do vento nas arvores mais fortes que em mim abanam.
Vem duma tempestade lançada pelo vento e maresia salgada,
Durmo meu sono solto sem culpa nem culpado.
O que sou vale tudo, o que tenho de nada vale.
É na espera do tempo que me desfaço em mil pedaços,
Como folha velha deitada ao vento, onde nada conta,
Muito menos o sofrimento.
São emoções desfeitas, numa praia de rochas combinadas.
È tudo o que o que me resta para um dia recordar.
Venho de outro mundo, onde o corpo não existe
Onde nada é tirado.
Numa serra de segredos eu me vejo embrulhada,
Nada tiro, nada dou, sou eu apenas desorientada.
Mas existe também meu mundo por desbravar,
Minha mente activa, comigo a colaborar.
Aqueço meu gelo derretido na caldeira do meu pensar,
Se não digo o que penso, acabo a chorar.
Aqui neste lugar estou só a desabafar,
Lembro-me de outros tempos,
De sofrimento, por onde tive que passar.
Foram tantas as desventuras, que a ninguém pude contar,
Guardei só para mim as lágrimas que estão por derramar.
È tão profunda a minha dor, que ninguém quer escutar,
É profundo o rasgão que ninguém pode consertar.
No entanto vou calando, meu sofrimento em mim,
Vou fazer de conta, que tudo está bem, até chegar o fim.
Não há coração que aguente, este penoso pensar,
Roubaram-me tudo, até o poder de amar.
Do que sobrar do desgosto, em mim vou encerrar,
Fazer tudo a gosto, para ninguém acreditar.
E agora que desabafei, desta magoa, que mora em mim,
Vou enfrentar, este desamor, mais a dor,
Que cava dentro de mim.
JOAQUINA

MINHA VIDA - REFLEÇÃO SOBRE NÓS



Não entres tão devagar, está aberta a porta
Já te senti lá atrás, por entre outras apostas
No tempo que passou e naquele que há-de vir
Li tudo nas entre linhas, mesmo o que esconde de mim
Á deriva um tempo, analiso meus sentimentos
Agora veio a derrocada final que não esperava de ti
O tempo não se compadece destas brincadeiras infantis
A vida não se condoeu de ti nem de mim
Diante de mim vejo, o que alimentou teu pensamento
Tanta frustração sentida dentro de um pequeno coração
Como podes viver assim, sentindo tua vida em vão
O que te leva afinal a suportar tanta frustração
Se ao meu lado não sabes sonhar nem encontrar razão
Satisfação para tua dor de amor frustrado
Consegues acomodar-te a uma vida alugada
Enganas teu corpo, andando contrariado
Que triste sina a tua, tens teus sonhos por realizar
Tua história, está escrita no tempo e dentro do teu passado
Eu a teu lado esperei, anos pela tua maturidade
Tu sempre a contestar, o que não tiveste, ou sonhas-te
Que grande frustração para mim, que vives a meu lado
Sempre achei desde sempre, que era tua namorada
Deite meu corpo vazio, minha juventude intacta,
Isso não te chegou, vivias outros amores, com patacas
Em ti depositei meus dias, companheiro
De repente para mim, já não me pareces inteiro
Deixas-te algures tua alegria, que não sabes encontrar
Na minha cama te deitas, e nada te pode reconfortar
Eu ainda intacta, sem amores pelo meio
Ainda consigo ter-te junto do meu seio
Nas minhas coxas te abrigo, para compensar teu sofrimento
Mas não á amor que resista a tamanha turbulência
Se isto continuar assim vais ver tua demência
Tão sofrido e mal amado te sentes, neste barco que te afunda
De noite não consegues, calar tua frustração, teu mundo
Viajas á procura de aventura, para aquietar tua dor, profunda
Sempre sem te dares conta, que na tua vida já tens o amor
Um amor velho e sábio, que tenta em tudo te compreender
Que já não há tempo, para os dois para vivermos, novas experiências
Meu espírito já acalmou, como acalmou meu corpo
Assim como o bêbado se calma, frente ao seu copo
No universo está a resposta, a tudo isto que sentes
Não é bom para mim viver, ao lado de alguém que a si mente
Parece tudo se desmoronar, dentro da tua mente
Ergui já meu altar, com degraus para subir
Onde tu não possas entrar, nem eu possa ruir.
Grande mágoa que criaste, dentro da nossa relação
Não sei se não sabes fazer melhor, ou se é apenas traição
De fantasias já não vivo e só quero, um dia recordar-te
Como um centro, em minha vida e o fosso que deixaste.
Agosto 2010





NOSSO PRIMEIRO CARRO



16 Fevereiro 2011
Quando nossa filha, tinha sete anos, achamos que estava na hora de começar a ir connosco conhecer novo mundo, e a ausência dela era-nos bastante difícil, eu acabava muita vez a chorar com saudades dela.

Compramos nosso primeiro carro em 2ª mão, um Renault 4L bastante velhote, mas era o que podíamos ter nessa altura.

Jamm, trabalhava muito e não tinha tempo para tirar a carta. Eu como já tinha estado no equador tirei lá a carta de ligeiros mas nunca conduzi. No entanto tinha uma carta internacional, pela qual podia tirar uma nacional. Foi fácil. Não precisei de fazer novo exame e consegui a minha primeira carta portuguesa. Decidimos que seria eu a conduzir a 4L.

Como não tinha prática, mas sim a teoria, achei eu, que conseguia conduzir sem uma aulas extras, e como o dinheiro era pouco, um dia pedi a uma pessoa conhecida para ir comigo a cascais. Era a primeira vez que pegava no carro. Para lá, de tudo correu muito bem. Já de volta a Lisboa um condutor mais experiente do que eu, resolveu parar á minha frente sem fazer pisca. Logo ali dei uma pancada, não muito forte porque eu vinha devagar, mas como quem bate por detrás segundo as regras da condução, paga.

Ainda não tinha seguro do carro e eu já metida em sarilhos.

Tive muito receio de contar ao Jamm, mas tinha que ser, uma vez que seriamos nós a pagar do nosso bolso os faróis partidos do outro carro.

Pagamos tudo o que havia a pagar. Fiquei com tanto medo de voltar a bater que nunca mais peguei no carro numa estrada com trânsito. Durante dois anos o carro este parado no trabalho de jamm, até que ele começou a pegar no carro e aos poucos a conduzir dentro de um recinto. Fez tudo para que eu voltasse a pegar no carro, por ele não ter tempo de tirar a carta. Como o carro era velho aos poucos foi resolvendo os problemas de mecânica e reparou os estragos que eu tinha feito com ele.

Mas como tudo tem o seu porquê, jamm, não gostava de conduzir, em casa dos pais tinham tido um grande acidente e também ficou traumatizado.

Agora éramos dois a não querer pegar no carro. Lá convenci o Jamm, a ser ele a tirar a carta e conduzir ele o carro. Assim aconteceu. Essa minha insistência, junto do medo de conduzir, deu-lhe a ele uma autonomia tão grande, que viria alterar para sempre a vida dos dois…

Esse carrito foi nosso começo, pelos parques de campismo e o gosto da vida ao ar livre, em contacto com a natureza.

Nele levávamos tudo, mais alguma coisa, muita vez estivamos em desacordo os dois. Muita vez me disse: - isto não é uma casa. Isto é um carro e quanto mais o carregares, mais gasolina ele gasta. Tem paciência, nós vamos um mês de férias e não mudar de casa. Fizemos uma lista com as coisas mais necessárias, mas no fim acabamos por concluir que precisávamos de tudo, muitas das coisas eram da filha e para ela não existiam concepções, precisava de tudo, ou então, simplesmente não queria ir de férias. Começaram aí as nossas cedências com nossa única filha.

Aprendeu depressa a pedir tudo o que queria sabendo que o pai não resistiria de satisfazer aquele ser que ele tanto adorava. Quero também aqui esclarecer, tudo o que pedia era coisas próprias da idade e nada de grandes exageros.

Sempre que queria uma coisa dizia: - ou me dás isto ou então uma mana para brincar. Até que um dia na Noruega o país mais longínquo onde tínhamos conseguido chegar com nosso carrito, ela fez uma birra tão grande, porque queria uma barbie que tinha visto numa montra. Nessa altura o escudo valia muito pouco e a boneca comprada na Noruega ficava numa pequena fortuna. O pai bem lhe explicou a diferença de preço e que não podia comprar-lhe a boneca, mesmo assim ela não desistiu. Chorou, dizendo que não tinha com quem brincar. Até que por fim cansado, de tanto a ver chorar e rendido aos argumentos, acabou por lhe comprar uma barbie que com o mesmo preço teria comprado duas iguais. – Muito bem, ganhaste a batalha minha filha, mas estás proibida de pedir seja o que for durante as férias. – Nem sequer, um gelado, contestou. – Nem mesmo um gelado. Ela cumpriu a promessa, brincou com a sua boneca e o resto das férias e não se atreveu a pedir mais nada. Passados muitos anos ainda Jamm, dizia: - nunca me vou esquecer que esta filha me obrigou a comprar uma barbie na Noruega…

A partir daí foi um começo de colecções que não mais acabou lá por casa, o mundo das barbies e suas respectivas roupas e acessórios.

Quando ganhou, a sua primeira barbie tinha ela 5 anos.

Passou para uma segunda fase, de pedidos, que foi até esgotar o tema e ela própria desistir.

Dos 5 anos até aos 8 anos pedia todos os dias que queria uma mana.

Nossa vida nessa altura era um caos. Os dois trabalhávamos de dia e estudávamos á noite. Com uma criança de 5 anos que precisava de toda a atenção e nós não lha podíamos dar, era impensável ter mais outro filho. Enquanto esteve no infantário até aos seis anos, todos os dias eu a levava para o infantário. Levantávamo-nos às seis horas da manha para a deixar no infantário às sete e eu ia pegar no trabalho às oito horas. Depois de fazer um turno que ia das oito da manhã até às quatro da tarde, tinha apenas duas horas para mim. Entrava no liceu às sete da tarde e saía às vinte e três, chegava a casa, normalmente à meia-noite. Enquanto meu dia corria sempre numa correria, eu pagava a uma jovem para me ir buscar a filha ao infantário todos os dias e deixá-la em casa de uma vizinha que a recebia desde as 17horas até á meia-noite a quem também pagava uma mensalidade. Os recursos financeiros não eram muitos, mas o dinheiro lá ia dando para tudo, até para fazer um mês de férias fora do país que era a única fuga que podíamos ter daquele modo de viver que nos sufocava por falta de tempo.

Nossos fins-de-semana eram consagrados à família.

Durante o fim-de-semana dedicávamos todo o nosso tempo a ela. A casa ficava sempre para segundo plano.

Nossos objectivos foram-se concretizando á medida que continuávamos a estudar. Jamm, entrou na faculdade de Ciências com o objectivo de se formar em professor de matemática.

Mas esse não era o destino que lhe estava reservado.

Como jovem que era, começou a dar-se com colegas de faculdade. O que até ali para ele a família era sagrada, começou a inventar desculpas que tinha que ir estudar para trabalho de grupo, por isso todas sextas á noite ia sair para ir ter com colegas de faculdade, mas não para estudar como mais tarde pude, constatar. A desculpa que dava em casa começou a fazer-me desconfiar de que algo não estava bem. Enfrentei-o com todas as minhas dúvidas ao que ele me respondeu: - Ninguém na faculdade sabe que eu tenho família e não precisam saber, afinal nós até somos solteiros. – Estou por acaso a mentir? Claro que não Jamm, mas se a tua família te envergonha, e o que procuras na universidade é diversão, tem todo o direito a ela. És realmente solteiro e tens todo o direito a fazer da tua vida o que muito bem entenderes. Não podes é morar mais aqui. Arranja um quarto alugado e assim podes ir para lá estudar com as tuas colegas! A filha está numa idade que ainda não percebe tudo e se tens que ir embora que seja já. E não te preocupes connosco, porque nós vamos sobreviver. Se tu morreres eu não vou morrer também. Aquele meu discurso prático e frontal apanhou-o tão desprevenido que não soube o que me responder. Disse apenas: - dá-me três dias para pensar.

Assim, depois de três, sem ter uma resposta para mim, eu comprei-lhe uma mala e quando chegou a casa já tinha a mala feita. – Só lhe disse: - aqui estão as tuas coisas, tens que sair hoje de casa.

- Estás a fazer isso porque eu ganho menos que tu! É isso?

Não é isso, é só porque vejo que isto entre nós, não está a funcionar bem e eu prefiro que a minha filha tenha só mãe do que um pai ausente.

 Só que ele já tinha a solução para resolver o meu problema de ciúmes como ele lhe chamou na altura.

Calma lá, isto não é assim! Os cinco anos de aventuras, tudo isso não contam? Como podes pôr-me fora da tua vida assim? Eu não fiz nada, nunca te traí nem em pensamento.

– Andei a pesquisar e encontrei uma alternativa á faculdade que com o tempo dá-me progressão na carreira e será melhor para mim na reforma. – O quê? Começa a falar, porque estou curiosa, respondi-lhe prontamente. – Vou deixar a faculdade. – Como assim?

Depois de nos acertarmos novamente a harmonia voltou ao lar com ele a deixar a faculdade e a ingressar em altos estudos militares. Foi a melhor coisa que lhe podia ter acontecido. Ainda hoje com 57 anos fala disso.

Os anos foram passando e ele progredindo. Depois de três anos de curso, a situação financeira melhorou bastante. No dia que ele chegou a casa e me disse que tinha sido aumentado e já ganhava mais do que eu, fui buscar a mala e disse, podes ir embora!! – Mas estás louca! O que se passa contigo? - Isto é para tu perceberes que o que me prende a ti não é dinheiro, meu amigo. Sempre que tínhamos um desentendimento lá vinha á baila que eu até lhe comprei uma mala, para ir embora.
Eu desisti no 5º ano por falta de tempo para acompanhar a filha.

Quando ela fez oito anos, perguntou pela última vez se lhe dávamos uma mana, como a resposta foi não, então ela optou por pedir um cão. Já que não me podem dar uma mana podem ao menos dar-me um cão?

Assim entrou mais um membro na família, um ser tão especial que a ajudou a criar afectos e responsabilidades para a vida toda.

Nossas férias nunca mais foram as mesmas, com a chegada da lady, um caniche anã que conquistou toda a família.

E A HISTORIA CONTINUA

17/02/2011