Tuesday, April 26, 2016

EU SOU O MOMENTO



Quero dizer, a quem lê minha escrita, que ela não é para eruditos.
Minha escrita é humilde. Mas não é directa. Tem mensagens, pelo meio, escondidas. Todos a podem ler porque, no fim, só não a irá entender, aquele, que for erudito.

Sou autodidacta. Formei-me na vida. Nas livrarias. Em todos as páginas que li. Desde a filosofia antiga até aos autores consagrados, tudo li, tudo devorei. Até que me formei. Minha mente, sempre atenta, separou o que necessitava. Devagar me levou àquilo de que gostava.

Escrevo para gente como eu. Para si, que é anónima, sincera, com necessidade de saber, que não gosta do seu tempo perder. E muitos são aqueles que como eu pensam.
Então pensei como haveria de chegar a muita gente. Foi aí que se deu o clique. Num repente. Decidi que iria escrever para outras gentes!
Eu tinha recados para dar. Mas vivo sozinha comigo. O meu dia é preenchido entre caminhar, escrever e divulgar. Já nasceu comigo este enigma da escrita. A paixão pela leitura e também pela aventura.
Embora mulher, sou diferente da maioria das mulheres. Não gosto de perder tempo. Não sou tagarela e não aprecio os gostos de muitas delas. Não gosto de limpar o pó. Mas gosto de estar só. Gosto de viajar no tempo. Conhecer outras gentes. Nos intervalos escrevo, invento.
Tenho, em mim, algo de extraordinário. Minha mente, descontente, está sempre a desafiar-me. Já tentei tudo. Desde cozinhar, bordar, pintar e no campo trabalhar. Mas de todas as tarefas, aquela que mais sinto, é a minha escrita. Por isso escrevo. Diálogo directo para qualquer intelecto.

Não sou passiva, não! Nem tão-pouco indiferente! Por isso escrevo como a força de um dragão. É algo que comanda a minha mão. Não precisei de universidade para saber o que era a diversidade. Escrevo prosa, tanto para a rosa, como para o poeta maldito, que nesta sociedade é proscrito.

Mas não sou erudita!

Um erudito tem a mente fechada. Carece da universidade.
Um erudito necessita de fazer consulta, para elaborar um discurso.
Deveria estar atento, ouvindo a mente, à sua frente.
Um erudito precisa de exibir um papel carimbado, para mostrar que é letrado.
Um erudito da palavra faz um bordado. Para deixar um recado.
Tentando ser crítico, quem o ler, necessita de um dicionário. Para o entender.
Um académico não tem paixão. Escreve por obrigação.
Nada sabe fazer. Mas critica quem souber mais do que ele.
É alguém que veste bem. Tem o ego cheio. No seu meio.

Assim, aqui deixo o que penso sobre eruditos, académicos ou catedráticos.
Muita gente, mais inteligente anda, por aí, perdida. Por não saber que tem, consigo, as chaves do segredo.
Nem todos podemos ser doutores. De tudo é formado o mundo. O nosso lugar é aquele onde o coração bate devagar. Todos nós temos os nossos talentos. Por isso, a todos os que me lêem, lhes peço. Descubram o vosso segredo.
Se, por acaso, encontrarem dentro da minha escrita, algo que vos incite, no vosso presente, algo que vos possa fazer sentir ou reviver algo agradável vivido em vossas vidas, então já valeu a pena esta minha conversa com Deus.
Eu sou a enseada
Eu sou a estrada.
Eu sou os espinhos
Eu sou caminhos
Eu sou a corrente
Eu sou meus rios.
Eu sou a pura alegria.
Eu sou de todos
Eu não sou de ninguém.
Eu sou o momento
Eu sou alguém.
Eu sou aquela que se não detém.
Eu sou tudo, enfim
Eu sou nada, por fim.
Mas eu sou fragmento, espalhado, no universo criado.
Faço, de minha prosa, recados pungentes. Que vão ao encontro das gentes. Tudo o que sei, tudo o que faço, é um acto de amor. Embrulhado em laços de humanidade.

Queria que soubessem, aqueles que me lêem, que sou normal. Apenas mais atenta. Dentro do vendaval.

Autora: Joaquina Vieira

26/04/2016