Friday, August 26, 2011

EU SOU MULHER - VIVER A TRISTEZA



Hoje apoderou-se de mim uma apatia, que invade meu ventre, entre agonias.
O chão me parece transparente, onde piso o sofrimento, que hoje entrou em mim.

Desbravei minha memória, entrei em arquivos, mas nada encontre.
Vem ao de cimo o descontentamento, que hoje me atormenta.

Entrei dentro do pensamento, trepei ao mais alto dos abismos, de lá avistei esta minha apatia.
Olhei em meu redor, só vi, montanhas e escarpas, e num zás de repente, aliviei minha mente, atirei-me em queda livre. Já não me interessavam as consequências.

Via sombras gigantes, asas de gansos, que mais pareciam monumentos.
Durante o voo picado, meu pensamento apressado, trouxe imagens do meu passado.

Revi minhas vidas, todas elas encruzilhadas, mas na queda, nada era pesado.
Senti-me livre como a águia, como o tempo, que durava minha viagem.

Ao descer pelas escarpas, vi em todos os buracos pedaços de mim.
Avistei castelos, onde ninguém morava, campos abertos, outros com árvores.

Quando do chão me aproximava, senti que do todo eu fazia parte.
De repente ví meu filme, a vida inteira á minha frente a girar, nesse momento, soube que a quede não se dava.

Quanto mais descia, mais consciência tinha de mim.
Então sem me dar conta deu-se o impacto, eu caí no abstracto, e nada sentia.

Meus sentidos acordaram daquele entorpecer . Estava pronta para partir, deixar tudo a existir.
Deixar, meu corpo deitado, enquanto minhas células se afastavam, de volta á origem.

Podiam ter outra forma, ser outro elemento, naquele momento, já nada importava.
Mas eis que sinto bater meu coração, no meio da vegetação.

Assim no meio desta apatia, vi que não tinha razão, para me sentir assim.
Estou inteira, estou viva, faltava-me apenas a poesia. Este lavar da alma que levanta e acalma…

Por: Joaquina
10/06/2011

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