Wednesday, March 2, 2011

MEU REGRESSO Á VIDA - 2ª PARTE



EU COM 23 ANOS
NÃO SABIA, QUE AOS 33 IRIA PASSAR POR UMA MENOPAUSA PRECOÇE
Meu regresso á vida - 2ª Parte 
Continuando minha epopeia com os erros da medicina no meu corpo.
Depois de sair de oncologia e esclarecer com o laboratório o eu se tinha passado comigo e depois de terem chegado á brilhante conclusão, que eu tinha recebido o diagnóstico de uma pessoa que tinha carcinoma, e depois de eu ter passado por toda uma terapêutica apressada, para me salvarem, ficaram mais ou menos á vontade com a descoberta. Eu fiquei preocupada e com pena da pessoa que tinha recebido o meu diagnóstico, a dizer que não tinha nada. Depois de tanto sofrer e tanta confusão na minha cabeça não me atrevi a indagar se a pessoa teria morrido ou estaria de alguma maneira a ser tratada. Ainda hoje lamento não ter dinheiro para processar toda aquela gente que levou este caso com uma frieza como que aquilo se passasse num qualquer país longínquo e a notícia chegasse pela televisão sendo só mais uma no meio de tantas…

Eu cansada de tudo aquilo e enrolada no processo clínico, para não me deixarem parar os ovários. Andei nisto 6 meses.
Azar dos azares, a minha ginecologista não me pode seguir por ter o marido também com cancro e tinha que ir para Londres com ele. Escreveu uma carta e enviou-me para uma colega, pondo-a a par da minha situação. Nessa altura deveria estar já a levar tratamento hormonal para não deixar parar os ovários, mas como era muito competente e sem tempo para mim, mandou-me para endocrinologia, a fim de me fazerem exames para saber até que ponto eles estavam ainda a funcionar os ovários.

Meu medico nessa especialidade era um bom médico já com uma certa idade, teve muita pena do que me tinha acontecido e deu a devida atenção ao meu caso, fazendo-me exames a tudo dentro da sua especialidade. Quando os resultados vieram, descobriram que meus ovários estavam a funcionar um a 16 por cento outro a 20, e não seria possível voltarem a funcionar, porque o valor mínimo para eles voltarem a funcionar seria 40 por cento em ambos.

Sai do medico, medicada para hipotiroidismo, que acabava de me descobrir e uma carta de recomendação para a médica para me fazer a terapêutica hormonal.
Foi o princípio do fim para mim. Perdi todas as esperanças de ter mais um filho que tantos desejávamos, aliado a isso continuava com minha vida normal como que nada me tivesse acontecido. Só que nem mesmo minha vida preenchida me ajudou a ultrapassar todo as aquelas alterações físicas que eu sentia e tentava ultrapassar.

Claro que a médica me começou a fazer a terapêutica hormonal, com discos e outras coisas das quais já nem me lembro. Quando dei comigo passado um ano já tomava 14 comprimidos por dia, para tudo mais alguma coisa. Minha relação pessoal ressentiu-se muito. Eu sem paciência para a filha e o jamm e ele não compreendia nem eu porque meu corpo não correspondia a estímulos que sempre reagira. Na cabeça dele eu teria que ter outra pessoa, na minha cabeça ele estava sem paciência comigo porque ele teria outra pessoa também. Ele na altura era chefe de um departamento onde trabalhavam mulheres jovens e bonitas, na minha cabeça, ele andaria envolvido com alguém, no entanto ele nunca dormiu fora de casa e os fins-de-semana eram sagrados e passados em família. Ele abdicou da vida social que poderia ter tido para estar comigo e com a filha e foi nessa altura que mais unidos estávamos como família. Começamos por ensinar a filha a gostar da vida ao ar livre, fazíamos piqueniques todas as semanas e isso conseguimos incutir no espírito da filha o gosto e respeito pela natureza.

As coisas com todos esses comprimidos começaram a normalizar com o jamm aceitar uma nova mulher daquela que ele conhecia e a ter mais paciência comigo, delegando para ele muitas das tarefas da casa e da filha.

Mas como um azar nunca vem só, um dia voltei a ver que me saía do mamilo um liquido esbranquiçado, mas depressa me lembrei do que o médico de endocrinologia me disse que os problemas da tiróide tem uma ligação com os peitos, logo marquei consulta para ele. Quando cheguei á consulta, avisaram-me que o meu medico Dr. Eurico M, não poderia vir dar consultas, mas se eu não me importasse que estava o assistente dele a dar consulta a quem quisesse ser por ele consultado.

Depois de todos os azares a que tinha sido acometida, saiu-me a sorte grande. Aceitei que ele me desse a consulta, foi a melhor coisa que me aconteceu durante esse período de instabilidade e azar. Quando lhe contei o meu historial clínico ele ficou horrorizado. Era um jovem médico, acabado de sair da faculdade de Medicina, chama-se Dr. Rui Mascarenhas, ainda hoje é meu médico passado 27 anos
O Dr., Eurico M hoje, já falecido, foi o Dr. Rui M que ficou a substitui-lo. Hoje Dr. Rui M é director no hospital Egas Moniz
Naquele ano de 1983, ficou inteiramente do meu lado e tudo fez para me ajudar a ultrapassar essa fase.
Deparando-se com a mesma queixa que me levou inicialmente a oncologia, resolveu mandar-me fazer um tac ao Cérbero. Assim com mais um problema que eu esperava não fosse nada, fiz o exame na clínica de todos os santos.
DIAGNÓSTICO: Tumor no Cérbero, inoperavel. O que queria dizer, que com o tempo começaria a perder o equilíbrio, falta de visão, perda de memoria, parte motora, até chegar a uma cadeira de rodas, mais tarde o final numa cama.
Mais uma vez o mundo desapareceu debaixo dos meus pés. Eu tinha e ainda tenho a filosofia que tenho o direito a ver os resultados dos meus exames, porque eles dizem respeito ao meu corpo e ninguém melhor do que eu para lutar contra qualquer inimigo. Quando cheguei á consulta o Dr. Até ficou branco. Leu e releu o relatório e de vez em quando olhava para mim, até que a certa altura disse: - A senhora não devia ter aberto o envelope, estes resultados para informação do médico e não do doente. Primeiro confronto entre ambos. – Pois fique sabendo Dr. Que eu penso ao contrário. Sou inteligente e tenho todo o direito em saber o que se passa comigo. _ Tem sim. Isso é verdade, mas imagine que isto é novamente um engano fica a sofrer sem necessidade. Mas perante este diagnostico e se não tivesse já tido um engano clínico eu internava-a já, nem ia para casa, mas como já sofreu um engano vou-lhe mandar repetir este exame no hospital da cruz vermelha. Voltei a repetir o exame. Enquanto esperava minha vida tornou-se num inferno, entre ter ou não ter o tumor, e achar que dois erros comigo seriam demais. Perdi o apetite, o sono, a tranquilidade, a paciência. Quando chegou o resultado era negativo. Upa que alivio.
O médico ficou indignado com os meus erros clínicos. – A senhora tem mesmo azar outro médico, internava-a e não sei o que teria acontecido. Diga-me se quer levar esses gajos todos a tribunal eu sou sua testemunha. Se vivesse na América ficaria tão rica, que não precisaria mais de trabalhar, aqui neste Pais ninguém se responsabiliza por nada. O mal que lhe fizeram ao seu corpo, só a senhora o sentirá. Neste momento o susto já passou, mas quero que vá ter comigo ao hospital Egas Moniz dia tantos???? Vai haver lá um congresso com os melhores médicos europeus, no qual eu estou presente quero que apareça lá ás 10 hoo com este cartão meu, leve os dois exames que eu vou pedir mas meus colegas verem os dois exames e não restar a mínima duvida de que tudo está bem. Assim aconteceu, no dia e hora marcada lá estava eu. Quando perguntei pelo Dr. Logo uma senhora de nariz empinado que nada sabia da minha história nem o que se passava dentro da minha alma me respondeu. – O Dr. Não a pode atender, ele está num congresso, por isso pode ir embora e voltar amanhã. Levantei-me com uma rapidez como que sentisse uma espada entrar-me nas entranhas. – Minha senhora está aqui um cartão do Dr., e foi ele que me mandou vir cá hoje e sei muito bem que ele está num congresso, por isso levante o cu dessa cadeira e vá com este cartão dizer-lhe que eu estou aqui. Entendeu, ou quer que lhe repita. – Acalme-se, as ordens que tenho é para não interromper a reunião. Mas neste caso vá lá e interrompa antes que eu comece a partir esta merda toda. Levantou-se com tal rapidez, com os olhos esbugalhados, não habituada que lhe fizessem frente. Estaria habituada ao contrário, ao por favor, veja lá se é possível, tudo dentro da submissão de quem está aflito e apela ao bom humor do dia dos nossos funcionários da saúde sem o mínimo respeito pelos direitos dos que sofrem. Passados não mais de 5 minutos aparece a tal senhora vermelha de raiva. Encaminhou-me ao gabinete do Dr. E disse apenas: - aguarde um pouco ele já vem falar consigo. Não sei o tempo que esperei porque minha mente durante esse tempo do qual perdi a noção divagou por muitos lugares onde já tinha estado mas em especial na minha família, em mim. – Olá desculpe a demora. Estamos agora na hora do café, dê-me os seus exames que temos agora uns 15 minutos e vou velos novamente com meus colegas, para que não restem dúvidas. Fique aqui mais um pouco que eu já venho… Novamente o tempo passou e eu perdi novamente a noção desta vez mais preocupada, pensando que tinham encontrado algo e que afinal não seria engano. Lembrei-me de rezar. Lembrei dos anos em que ia á catequese na minha aldeia, dos valores que meu avo me incutira, a espera dilui-se no tempo e eu dilui-me nele até que por fim num acto de desespero comecei a chorar. Estava eu neste desespero quando a tal senhora veio ao gabinete do Dr. E me viu naquele pranto. Só se atreveu a dizer. – Desculpe, mas o Dr. deve ter-se esquecido de sí o melhor é ir embora. Novamente levantei-me daquele pranto que depressa deu azo a um a indignação, que a própria funcionaria não entendia. Habituada a ver pessoas a sofrer e a morrer naquele hospital de repente dá de frente com uma jovem de 1,55 de altura com 43 quilos, que a enfrentava sem medo. Eu não saio daqui, enquanto o Dr. não me disser o que vim aqui fazer. Naquele momento entra o medico com os meus dois exames, com um sorriso nos lábios. – Acalme-se. Está tudo bem. Eu esqueci-me de si, desculpe faze-la esperar tanto tempo. – Afinal há quanto tempo estou aqui á sua espera que eu perdi a noção do tempo dr. – 2 Horas, mas valeu a pena. Afinal o que eu tenho, diga lá. _ Peço-lhe desculpa pela parte médica que já errou muito consigo, mas o que aconteceu foi que o exame que fez não clínica de todos os santos tinha uma manha na película que foi interpretada como uma massa ocupando espaço. Está no seu direito ir lá e contar a sua história, até pedir satisfações e até uma indemnização pelos prejuízos causados á sua saúde mental e física pelo erro cometido por eles. – Num impulso de alegria e eu acreditava piamente neste médico, abracei-o de coração e só disse: - obrigada por tudo Dr. – Não se esqueça que a partir de agora é minha doente com saúde e quero vela de vez em quando na consulta. A partir de agora quero que comece a diminuir os comprimidos dos que estiver a tomar um, toma só metade, dos que estiver a tomar dois, toma só um, e assim por diante. Se não conseguir diminuir agora essas doses nunca mais se vê livre dos comprimidos. Prometo. Você foi um anjo que apareceu na minha vida, obrigada.

Quando o Jamm chegou a casa foi uma alegria. – Hoje vamos festejar. Vamos comer fora. – Minha filha que não sabia do que estávamos a falar pediu explicações para tanta alegria que não era normal ultimamente em casa. Enquanto ia-mos para o restaurante lá lhe foi explicando á sua maneira e de maneira a que ela entendesse nos seus 9 anitos sem a assustar. A resposta dela prontamente foi: - quer dizer eu podia ficar sem mãe e vocês nunca me disseram nada. Isto é um assunto muito sério, eu preciso muito ainda de vocês, ainda sou uma criança. Agora já não confio em vocês! Mas quando nos sentamos na marisqueira e lhe dissemos que podia pedir o que quisesse, depressa esqueceu tudo para a seguir dizer. – Vocês são os melhores pais do mundo. Eu á pouco não estava a falar a sério quando disse que não confiava mais em vocês. Ali ficou encerrado o episódio do segundo erro medico e eu a pouco e pouco voltei á minha vida normal com todas as alterações físicas advindas destes enganos clínicos.

Como eu não sou de meios-termos, falei com jamm e disse-lhe, vais ter que paciência comigo durante uns tempos o médico mandou-me começar a diminuir a medicação, tenho que me ver livre de tanto comprimido.

Só que a partir desse dia deixei todos os comprimidos excepto o da tiróide e do tratamento hormonal. Se até aí eu já não andava bem, imaginem o que foi, retirar tudo de uma vez. Eram comprimidos para dormir, para ansiedade, para depressão, para o sistema nervoso, para compensação hormonal, para hipotiroidismo, só fiquei com os dois últimos.
A partir desse dia fiz uma desintoxicação que o meu organismo se ressentiu e muito. Durante a noite sentia a cama abanar e perguntava ao jamm, se ele sentia a cama abanar. Ele disse que não, eu logo vi que era o meu corpo a reagir á privação dos comprimidos, nessa altura jamm não sabia que eu tinha cortado todos os comprimidos ao mesmo tempo.

De dia para dia era pior. Estive 4 dias sem dormir, de noite levantava-me a fazer coisas, de dia ia para a rua para não pensar nos sintomas. Ao fim de 15 dias estava exausta, comecei a emagrecer cai num desalento que não era capaz de fazer nada, ao ponto do jamm me dizer que tinha que voltar aos comprimidos. Foi aí que eu lhe disse que tinha cortado com todos, ele ficou louco comigo. Alegou que isto não era bom nem para ele nem para a filha nem para mim e que eu devia ser louca por cortar tudo de uma vez. Já tinham passado 15 dias e o pior tinha passado. Aleguei que não voltava aos comprimidos, se voltasse atrás naquela altura nunca mais teria forças para os deixar e o pior, eu já tinha passado. Naquela noite jamm, foi dormir para outro quarto para me deixar descansar, era o primeiro dia desde que tinha deixado os comprimidos que o meu corpo me pedia cama e tinha sono. Deleguei todas as tarefas para ela. Ouvia ele dizer para a filha, não faças barulho hoje que a mãe está muito cansada e precisa dormir. – Ela perguntou: - pai, a mãe, vai morrer? – Não. Só está cansada, amanha ela já está bem. Assim foi a partir desses 15 dias fui dormindo melhor, comecei a fazer as minhas coisas e eu ia-me desintoxicando e meu organismo adaptando a nova realidade dos meus ovários parados.

Quando regressei ao medido ele notou em mim uma melhor disposição e perguntou: - já começou a diminuir a medicação. – Não Dr. Já me vi livre dela. Desde o ultimo dia que falou comigo no Egas Moniz, cortei toda a medicação excepto o que me aconselhou a não deixar. Ele olhou para mim, levantou-se da cadeira, deu-me um aperto de mão de parabéns. Eu sabia que era capaz, nunca pensei que fosse assim tão depressa. Na minha estimativa dava-lhe seis meses. Acredito que não foi nada fácil. Você é uma guerreira, depois de tudo por que passou fazer essa façanha é preciso coragem. – Pois, mas se eu tinha que deixar, então deixei logo de vez, o doutor não pode imaginar o que foi, desde por o marido fora do quarto até minha filha achar que eu ia morrer.
Passei por tudo. Mas hoje sinto-me bem para recomeçar minha nova vida. Ali ele achou melhor que na próxima consulta levasse o jamm comigo para ele lhe explicar que mudanças se estavam a dar no meu organismo, essa informação era para os dois…
Minha vida foi normalizando aos poucos. Continuei a fazer férias pela Europa com muitas peripécias pelo meio já com minha filha a conhecer outra realidade, que por estas bandas ainda  não existiam. Mas isso é outro capitulo..

Meus problemas com os médicos não acabam aqui… A odisseia continuam no próximo capitulo…
Por: Joaquina
Lx. 27/02/2011

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