Friday, February 11, 2011

ALBERGUES JUVENTUDE NOS ANOS 70

NOSSA NOITE NO MEIO DO NADA
TEMENDO SER LEVADOS POR EXTRATERRESTRES

Continuando com minhas aventuras de juventude.
Quando conheci o Jam, nenhum dos dois tinha dinheiro, mas tínhamos muita vontade de viajar. Começamos por albergues da juventude, era nessa altura a maneira mais barata e fácil de viajar. Quantas peripécias, tenho para contar desse tempo.
São tempos que nunca se esquecem pela conjectura em como se passaram.
Muito jovens e cheios de aventuras, dormíamos separados, nos albergues. Ele nas camaratas de para homens, eu nas das mulheres. Foi nesse ambiente que pela primeira vez me vi confrontada com a minha nudez e a nudez de outras jovens dos mais distantes Países. O levantar era as 7 horas da manha o refeitório abria às 8 horas, por isso só tínhamos uma hora para tomar banho arrumar as nossas coisas que o albergue fechava às 10 horas da manha e tínhamos que levar todos os nossos pertences, e tomar o pequeno-almoço até às 10 horas.
 De manha era uma correria para os banhos, todas as raparigas pulavam e corriam nuas, para chegar ao banho. Eu, sendo portuguesa, com uma educação muito tradicional, fazia tudo para tapar minhas partes íntimas por vergonha. As outras riam e tentavam falar comigo mas eu não as compreendia.
Todas as manhas eram uma confusão, o pequeno-almoço era servido entre as 8 horas e as dez. Jam, sempre gostou de se deitar tarde e dormir mais da parte da manha, isso levou-o muitas vezes a ficar sem pequeno-almoço, ou chegar muito em cima da hora quando o refeitório estava a fechar. Comia que nem um desalmado, com o corpo ainda em crescimento e sabendo que seria a única refeição quente e decente do dia, chegava ao ponto que já tinha vergonha de pedir mais comida. Então mandava-me a mim, pedir comida para ele. Chegava a comer 8 a 10 carcaças e 3 ou 4 chávenas de leite ao ponto de até eu já sentir vergonha de ir buscar tanta comida.
Durante o dia andávamos quilómetros a pé, por cidades como Amesterdão em que tudo era novidade, isto á 40 anos atrás. Durante o dia íamos aos supermercados comprar fruta iogurtes e leite pão e queijo. Fazíamos nossas refeições diurnas, nos jardins públicos. Era tudo uma aventura.
Certo dia aceitamos uma boleia de quatro rapazes árabes, logo que entramos no carro não nos sentimos nada seguros. Passados uns 3 quilómetros estava uma jovem sentada á beira da estrada á boleia. Eles repararam na jovem e passados mais uns 2 quilómetros pararam no meio do nada dizendo que se tinham esquecido de algo e que tinham que voltar atrás e teriam que nos deixar ali, que não seria difícil conseguir outra boleia. Jam, ficou feliz e aliviado por se ver livre daqueles quatro jovens que tinham voltado atrás para dar boleia á outra jovem. Como nós tivemos pena dela, mas nada podíamos fazer. Estava anoitecer e nós algures num lugar ermo. Sem sabermos onde estávamos, começamos a olhar para todos os lados e só sabíamos que estávamos perdidos algures no meio da França. De repente olhamos ao longe e vimos umas árvores no meio de uma planície. Decidimos ir para lá passar a noite debaixo dessas arvores. Montamos uma pequena tenda de dois lugares que levávamos sempre connosco. Sem jantar e já de noite resolvemos deitar-nos. Eu como sempre tinha medo de tudo, Jam, sempre seguro de si, acalmava-me. Dizia-me que era um lugar seguro, ninguém nos podia ver de lado nenhum. Depois de adormecermos já muito tarde, acorda-mos já o sol ia alto e quando olhei para a tenda por cima de nós vi um vulto enorme, ou mais uma sombra. Acordei-o, agarrada a ele, cheia de medo e disse-lhe: E se são extraterrestres? Eles podem levar-nos daqui e ninguém mais saberá de nós! Tem juízo. Ninguém nos tinha visto entrar ali, se desaparecêssemos, quem daria falta de nós? Nossa filhinha estava ao cuidado de uma nossa amiga. Nessa altura eu só falava uma vez por semana com minha amiga Rosa. Num impulso de homem, que já tinha ido á guerra ele abriu o fecho da tenda e deitou a cabeça de fora e começou a rir-se. Chamou, - anda ver, os teus extraterrestres? Era então uma vaca que curiosa, nunca deveria ter vista uma tenda no seu prado, de pastagem, cheirava a tenda, para decifrar aquele mistério. Quando nos ouviu falar, ficou mais assustada do que nós e afastou-se á pressa indo pastar para junto das demais. Deveriam ser umas 20 vacas num lameiro a pastar descontraídas. Passado o susto, fartamo-nos de rir desse episódio. Corria ali perto, um pequeno regato, onde as vacas iam beber. Não havendo outro tipo de água fizemos como as vacas. Coamos a água com um pano e bebemos, lavamo-nos nessa mesma água. Nunca me esqueço, que como não tínhamos jantado e a fome era muita o nosso pequeno-almoço foi: sardinhas em lata com bolachas de água e sal… 
Saímos dali mais satisfeitos. Voltamos á estrada e sentamo-nos á espera de boleia. Passada meia hora apareceu um jovem fuzileiro que nos deu outra boleia ate á cidade mais próxima. Ele foi almoçar, combinou a hora para estarmos junto do carro dele, que nos levaria para a cidade onde queríamos ficar. Fomos a um supermercado e compramos metade de um frango, um pão, uma coca-cola, duas bananas e almoçamos num belo jardim com flores de todas as cores. Foi o jardim mais bonito que vi até hoje, ainda tenho uma foto como recordação.

Entre boleias, encontramos de tudo, desde boleias em carros de gama alta, até furgonetas de fero velho, ou carros que pareciam casas ambulantes com todo o tipo de lixo.
Nunca nos sentimos em perigo. Até que um dia aceitamos boleia de um camionista de um TIR que nos levou para uma paragem de outros tires e apercebemo-nos que corríamos perigo

Saímos a correr do camião, seguindo o seu instinto Jam disse-me: - este tipo de pessoas não é de fiar, vamos embora daqui sem ele ver. Corremos para fora do parque escondemo-nos. Quando ele se foi embora, nós ficamos em segurança, saímos daquele lugar. Andamos a pé até chegar a uma terra onde passava um comboio que nos levou dali para fora. Mas nós estávamos unidos por um poder que ninguém podia vencer, assim a intuição de Jam, vendo o perigo para os dois, a melhor solução foi ir embora daquele lugar.

Foi a boleia mais traumatizante que tive. Nunca mais pedimos nem aceitamos boleia de camiões TIRES, acrescento ainda que foi a primeira e ultima boleia nesse tipo de carros.

Mas as nossas viagens na maioria das vezes era agradável e tenho episódios inesquecíveis.
Habituados a termos intimidade sempre que queríamos, durante as férias o desejo não escolhia nem hora nem local.
Certa vez estávamos em Bruxelas, ele entendeu que tinha que me ter a qualquer preço porque só o facto de eu lhe dar a mão fazia nascer nele um desejo incontrolável. Passamos então por um prédio que andava em obras, como era domingo, não estavam a trabalhar. Entramos lá dentro, á procura de um lugar seguro, para satisfazer aquele desejo louco.
De repente, salta de lá um cão que guardava a obra. Não sei quem corria mais se o cão se nós. Nossos corações dispararam, até nos vermos a salvo.
Mas a ideia dele não passou nem com o susto do cão. Passamos mais adiante por um prédio abandonado, enquanto eu fiquei cá fora sempre com medo do desconhecido, ele entrou e foi investigar se teria gente dentro, algum mendigo, a dormir ou outro tipo de coisa que nos pudesse apanhar aos dois com a boca na botija.
Passados 15 minutos chega ele todo contente, deu-me a mão e sem medo dirigiu-me para um terceiro andar. È aqui o melhor lugar, não tenhas medo, estamos completamente sozinhos. Despimos nossos casacos, colocamo-los no chão por cima de vidros partidos, aí os dois esquecemos tudo. Entregamo-nos a um desejo louco e como tudo o que é proibido é apetecido, perdemos a noção do tempo, nossos corpos ficaram exaustos, mas satisfeitos. Entramos lá de dia e quando saímos era já noite. Ninguém nos viu entrar, nem sair e naquele prédio abandonado ficou a mais bonita memória da nossa juventude que ainda hoje povoa minhas lembranças.

OS MEUS MELHORES MOMENTOS
PASSADOS NUM PRÉDIO ABANDONADO


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